Naná e os batuques do corpo
Considerado o maior percussionista brasileiro, Naná Vasconcelos está com trabalho novo na praça: Sinfonia e Batuques registra os seus encontros com crianças do Recife, com a água (“Batuque das Águas” é uma experiência de fazer da água percussão) e até uma homenagem a Milton Nascimento. O disco tem também uma música de sua filha Luz Morena e uma faixa que traduz sua vivência com os workshops orgânicos – oficinas que o músico pernambucano dá pelo Brasil e nas quais aplica sua metodologia de aprendizado dos sons por meio do corpo. “O que a gente aprende na teoria se esquece, mas o corpo nunca esquece”, diz.
Na faixa-título do CD, ele imagina sonoramente a comunhão entre os batuques e uma orquestra, o popular e o erudito. “Imaginei uma orquestra ensaiando no parque, aí começaram a passar uns batuques, o maestro não parou a orquestra e os batuques também não pararam. Imaginei ‘lindo’”, diz o músico.
Naná desenvolve um trabalho social com crianças e recentemente lançou o DVD Língua Mãe, reunindo meninos de Angola, Portugal e do Brasil para a gravação de músicas folclóricas brasileiras. O projeto reuniu, em espetáculo, 120 crianças dos três continentes, regidas por ele e acompanhadas da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, de Brasília. “A África é a espinha dorsal da nossa cultura, quer você queira, quer não. Queira”, convida Naná.
O Terceiro Mundo de Marilá Dardot
A Galeria Vermelho apresenta, até o final deste mês, a exposição Introdução ao Terceiro Mundo, de Marilá Dardot. A ideia inicial surgiu do conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius, do escritor argentino Jorge Luis Borges. Na história, Borges aborda um artigo enciclopédico sobre um enigmático país chamado Uqbar e que é a primeira indicação sobre Orbis Tertius (Terceiro Mundo, em latim). Na sala 2 da Vermelho, Marilá Dardot constrói um espaço que funciona como o avesso de uma sala de exposições. Um pequeno museu apresenta uma Introdução ao Terceiro Mundo, composta de mapas, bandeira, amostras de objetos e verbetes como “Flora”, “Água”, “Universo” e “Arquitetura”. Tudo isso foi criado a partir de reproduções fotográficas de obras de arte e textos de artistas e escritores como Rivane Neuenschwander, Fabio Morais, Sara Ramo, Italo Calvino e Julio Cortázar. O museu é incompleto e deixa lacunas para o visitante estabelecer conexões, fazer relações entre coisas que estão e que não estão apresentadas naquele espaço, ou seja, construir seu próprio Terceiro Mundo.
Onde: Rua Minas Gerais, 350, São Paulo-SP.
Os filmes que sonhamos
O livro Os Filmes Que Sonhamos traz 58 resenhas sobre filmes lançados aqui pela Lume Filmes, a mais importante distribuidora de cinema autoral e independente no Brasil. Cada resenha é assinada por um crítico diferente e os textos foram organizados pelo diretor da Lume e idealizador do projeto, Frederico Machado. São filmes que vão desde clássicos do cinema japonês, com obras de Ozu e Mizoguchi, até trabalhos marcantes realizados nos países do Leste Europeu durante o período da Cortina de Ferro, além de filmes seminais do Cinema Marginal Brasileiro e obras mais contemporâneas com a assinatura de cineastas europeus. Nas lojas em 15 de agosto.
Darcy no bolso
Quem será um substituto natural para Darcy Ribeiro, o antropólogo poeta que botava a mão na massa ao mesmo tempo que teorizava vigorosamente? A coleção Darcy de Bolso difunde em pílulas um pouco da sua obra generosa e tão essencial ainda por hoje. São dez livrinhos que buscam seduzir principalmente o público jovem com textos de seus livros fundamentais – O Povo Brasileiro, Diários Índios, suas Memórias, entre outros. A coleção aborda a infância em Montes Claros, os anos de formação em Belo Horizonte, os amores, os tempos em que viveu com os índios, a visão sobre o Brasil, as reflexões sobre a América Latina, o depoimento sobre o golpe de 1964 na era Jango, a criação da Universidade de Brasília (UnB) e a vivência do exílio. Altamente recomendável para dias de desânimo e apatia.