Em vez de homens engravatados, o centro financeiro dos Estados Unidos pode ser tomado em breve de manifestantes e barracas. É o que esperam os idealizadores do Occupy Wall Street. Inspirados pela Primavera Árabe e pelo movimento dos indignados espanhóis, eles querem ver pelo menos 20 mil pessoas ocupando Wall Street com barracas e disposição para protestar por meses a partir de 17 de setembro.
“Yes, we camp. Occupy Wall Street. September 17th. Bring tent”, diz cartaz conclamando manifestantes. Literalmente: “Sim, nós acampamos. Ocupe Wall Street. 17 de setembro. Traga barraca”.
O apelo foi lançado originalmente pela Adbusters, que se descreve como uma “rede global de subversores da cultura mainstream e de tipos criativos que trabalham para mudar as formas como a informação flui, as corporações usam o poder e o significado é produzido em nossa sociedade”. O protesto deve ter apenas uma demanda, a ser decidida por “uma pluralidade de vozes”.
Trata-se, de acordo com a Adbusters, de uma mudança de “tática revolucionária” em relação ao movimento antiglobalização, “que atacava o sistema como um bando de lobos”, seguindo um líder. “Hoje somos uma grande multidão de pessoas”.
Funcionou na Praça Tahrir, no Egito, onde a única demanda da multidão era a deposição de Hosni Mubarak, e os idealizadores do Occupy Wall Street apostam que podem fazer o mesmo nos EUA. Na página do Facebook que a Adbusters criou para decidir a demanda por meio de crowdsourcing, a mais popular no momento, com cerca de 2 mil votos, é “acabar com a personificação das corporações”.
Nos Estados Unidos, entidades legais como corporações e organizações sem fins lucrativos são tratadas como pessoas perante a lei, o que lhes garante o direito de livre expressão e de contribuir para campanhas eleitorais. Acabar com a personificação das corporações seria uma maneira de extirpar a influência de seu poder econômico da vida política americana. O documentário canadense The Corporation explora o advento do conceito de personificação das corporações e seus efeitos.
Embora a grande maioria dos americanos rejeite a personificação das corporações, é de se perguntar quantos estarão dispostos a abandonar o conforto de seus lares para acampar e protestar por meses a fio. Com 2 ou 20 mil, entretanto, será um evento a se acompanhar – irônico que aconteça durante o governo de Barack Obama, que há menos de 4 anos inspirava esperança de mudança no status quo.