Após quase duas décadas deixado de lado na pauta que o encomendaram socioambiental, o tema dos agrotóxicos está voltando com força ao debate público. Uma série de iniciativas públicas e das organizações não governamentais atraiu a atenção da mídia e voltou a mobilizar movimentos sociais e ecológicos em diferentes partes do País. Lançado em setembro, por exemplo, o livro Agrotóxicos no Brasil – um guia para ação em defesa da vida (disponível em versão online) preenche séria lacuna nas políticas públicas de agricultura, meio ambiente e saúde, que é a falta de informações e orientações sobre legislação, intoxicações e uso seguro dos agroquímicos. .
O livro é uma iniciativa conjunta da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) à agrônoma Flavia Londres. Há mais de uma década, Flavia atua como assessora de organizações ligadas à agroecologia e de combate aos agrotóxicos e aos transgênicos. “Associo a retomada do assunto ao triste título recebido pelo Brasil em 2008 e 2009, quando se tornou campeão mundial de vendas de agrotóxicos, superando até os Estados Unidos”, disse Flavia a Página22, usando o critério de volume comercializado.
Embora a produção agrícola estadunidense seja 2,5 vezes superior à safra brasileira de grãos e fibras, o Brasil deve se tornar o maior mercado de agrotóxicos do mundo em 2011 em receita, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). A entidade prevê vendas de US$ 8 bilhões, acima dos US$ 7,3 bilhões de 2010.