Somente os seres perfeitos não almejam nada, pois já atingiram a plenitude. Seriam os deuses, dizia Platão. Desejar aquilo que falta é o que faz de nós tão humanos, entes finitos e imperfeitos, em busca de evolução.
Ou de transformação. Nesses tempos recentes, em que os desejos aparecem difusos e as causas pouco específicas nos movimentos que tomam praças e ruas em tantos cantos do espaço físico e cibernético, o fio condutor é o da alta-tensão, do sentimento indignado com diversos rumos que a sociedade tomou.
As bandeiras são variadas, mas muitas delas têm um só pano de fundo – o desejo de um mundo mais equitativo, justo e equilibrado. Nesta edição, vasculhamos o que se agita pelo “campo”, o que move as pessoas, o que não quer calar.
Tanto material não caberia em 48 páginas editoriais, então escolhemos alguns desejos emblemáticos que perpassam a economia, a política, a igualdade de oportunidades, o meio ambiente, o urbanismo e, na base de tudo, a educação.
Nesta edição dupla de dezembro e janeiro, a virada não é apenas de ano. As transformações já estão acontecendo, ainda que invisíveis ou por demais conturbadas.
Nosso desejo, como publicação que também ajuda a empunhar bandeiras, é de que exercitemos cada vez mais nossa humanidade, ou seja, sejamos capazes de nos indignar e sonhar com o que falta. Sem essa tensão pulsante, o que mais poderia nos fazer levantar da cama todos os dias para buscar um mundo melhor?
Boa leitura!