A gente não vê, mas quando alimentos vão para o lixo – como quer evitar a Halfsies –, um monte de água vai junto. É a chamada água virtual, usada para fazer a miríade de produtos que consumimos e que, embutida neles, é comercializada mundo afora.
Recente estudo realizado por pesquisadores holandeses estimou que um quinto da pegada hídrica internacional (volume total de água doce usada para produção) refere- se a produtos para exportação. O comércio internacional de produtos agrícolas representa a maior parte dos fluxos de água virtual entre países – 76%.
O estudo é o terceiro a destrinchar a pegada líquida da humanidade e usa dados de 1996 a 2005. Mostra que o Brasil tem a quarta maior pegada hídrica nacional, atrás de China, Índia e Estados Unidos, e ocupa o terceiro lugar entre os exportadores de água virtual. O comércio de oleaginosas (algodão, girassol, canola etc.) responde por 43% dos fluxos globais de água virtual, e apenas uma commodity – o algodão – representa metade desse volume.
Ao consumir produtos, um cidadão do mundo utilizou uma média de 1.385 metros cúbicos de água – aproximadamente meia piscina olímpica – por ano no período de 1996 a 2005. Os autores do estudo acreditam que o acesso a números detalhados da pegada hídrica reforça a importância de colocar a escassez de água em contexto global. Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo tem acesso aberto (em inglês). Confira em nesse site.