Dia desses, um telejornal, em rede nacional, referiu-se à Rio+20 como a conferência que se destina a encontrar formas de promover o crescimento econômico com inclusão social e menor impacto ao meio ambiente. Este é o senso comum que se tem propagado, embora a visão da sustentabilidade seja bem outra.
Como temos publicado de forma recorrente em Página22, a Rio+20 só trará alguma contribuição se revisar em profundidade o sistema econômico, adequando-o aos limites do ecossistema e colocando-o a serviço do bem-estar da sociedade. Isso implica rever valores, a fim de perseguir a qualidade do desenvolvimento, em vez de basear-se na quantidade expressa em números do PIB.
Nada disso é novidade para o público da revista – a notícia é que algumas vozes do chamado mainstream (o sistema dominante) começam a aderir a esse pensamento, o que é fundamental para imprimir velocidade às transformações necessárias. Mas o caminho é longo e o horizonte é vasto, e ainda há muito trabalho pela frente. A própria Organização das Nações Unidas apresentou um entendimento bastante questionável da chamada “economia verde”, o que levanta diversas críticas de expoentes da ciência e até mesmo de economistas renomados. Recuperando noções desenvolvidas há décadas, eles alertam para a necessidade de tratar a economia como um subsistema do ambiente natural e apontam para um capitalismo “de limites”.
Para o pequeno círculo formado por estudiosos e engajados no tema da sustentabilidade, parecia que a dimensão dos dilemas já estaria bem mapeada e conhecida do grande público, e agora seria a hora de encontrar as saídas, concentrar-se no “como” fazer.
Mas não. Ainda há que se resgatar conceitos fundamentais deixados no caminho, alinhar conceitos e falar todos a mesma língua, para podermos continuar avançando.
Boa leitura!