Mudança no zoneamento de Embu das Artes e a implantação de indústrias e galpões na região condenará áreas verdes e mananciais
Nessa essa semana, será votado o projeto de Plano Diretor que permite a implantação de indústrias na região de Embu das Artes, a 28 quilômetros de São Paulo. A área faz parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e abriga importantes remanescentes de Mata Atlântica e mananciais, além dos rios Embu Mirim e Cotia. Também possui enorme biodiversidade, com espécies animais ameaçadas de extinção. Na segunda-feira, 16 de abril, será feita a última Audiência Pública e, no dia 18, o projeto segue para votação na Câmara dos Vereadores.
Moradores e entidades são contra a proposta da Prefeitura. Um dos pontos criticados é a falta de estudos aprofundados na região para definir o novo zoneamento.
O climatologista Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi uma das pessoas que se posicionou contra a medida. Na audiência pública de 19 de março, disse que “as matas de Embu são vitais para a segurança alimentar, social, saúde, água e moradia das populações de Embu e da Região Metropolitana de São Paulo.
Para o Movimento Salve Embu das Artes, é difícil estimar o tamanho dos impactos ambientais, já que a supressão das matas, em diversos estágios de recuperação, prejudicará os mananciais da Guarapiranga e do rio Cotia, além de gerar a erosão do solo. Isso aumentará as taxas de assoreamento de rios e nascentes numa região produtora de água.
No site do movimento, há vários vídeos, textos e reportagens sobre o caso e um espaço para que a população se manifeste.
O novo zoneamento também prevê um “anel industrial”, começando no centro do município, cortando a Área de Proteção Ambiental (APA) Embu Verde, e desembocando na Rodovia Regis Bittencourt (BR 116) e no Rodoanel. Especialistas do Instituto Florestal (IF) analisaram a Zona do Corredor Empresarial (ZCE). Concluíram que mais de 50% da zona avaliada possui vegetação com restrição ao corte, conectividade de fragmentos de vegetação e atividades em solos permeáveis.
“O cenário futuro neste caso é bastante incerto para os investidores e para o poder público, aparentemente não há justificativa de utilidade pública ou interesse social desse tipo de empreendimento em ambientes com vários remanescentes de vegetação nativa, muitos cursos d’água e paisagens permeáveis que inclusive justificaram a criação da APA. Projetos industriais e comerciais, geralmente são opções de uso e ocupação em áreas degradadas”,afirmava o estudo.
Leandro Dolenc, presidente da Sociedade Ecológica Amigos de Embu adverte “a legislação relativa aos Planos Diretores não estipula mecanismos para coibir as mudanças no zoneamento que levam ao desenvolvimento predatório: a Prefeitura de Embu das Artes vai trocar água, saúde e biodiversidade por galpões.”