A maioria dos brasileiros está interessada em saber da procedência dos bens consumidos e se importam com a conduta ética das empresas fabricantes. Pelo menos é o que indica uma pesquisa da União para BioComércio Ético (UEBT, da sigla em inglês), uma associação internacional sem fins-lucrativos da indústria de cosméticos.
A pesquisa aponta resultados pra lá de otimistas: 70% dos brasileiros se preocupam com a “origem ética” dos ingredientes naturais dos produtos que compram. E 69% deixariam de comprá-los se soubessem que a empresa não foi ética com os fornecedores ou desrespeitou leis ambientais.
A cobrança não para por aí: 67% dos consumidores querem ter mais informações sobre a origem dos ingredientes naturais em seus alimentos e bebidas.
Segundo a entidade, esses resultados mostram uma tendência mundial de engajamento do consumidor, incluindo os brasileiros, com os elos produtivos. Mas a UEBT não explica, no entanto, quais os critérios usados para chegar a esses dados todos faltando, por exemplo, dizer o perfil ou a quantidade de entrevistados. Isso nos coloca uma pulga atrás da orelha, comum de aparecer diante de pesquisas que trabalham com a intenção de atitudes. Na teoria, todo mundo é ético. A grande questão e desafio do consumidor responsável é agir com o carrinho de supermercado na mão. E lá sim, considerar os valores éticos acima dos preços reais ou do impulso pelo consumo.
Seja como for, um dado mais certeiro oferecido pela pesquisa é que as empresas ainda oferecem pouca informação ao consumidor sobre as fontes de seus ingredientes. Segundo a União para BioComércio Ético, apenas 31 de 100 empresas líderes do mercado de cosméticos mencionam a preocupação com a biodiversidade em seus sites ou relatórios socioambientais. E somente 21 falaram sobre práticas sustentáveis nas cadeias de abastecimento.
Bem informados
Outro dado da pesquisa mostra que os brasileiros como um povo bem informado sobre “biodiversidade”. 46% dos entrevistados souberam definir a palavra. A média em outros países foi de 22%. Só estamos atrás dos franceses, com 95% de pessoas que acertaram, e dos suíços, com 83%.
A pesquisa foi feita em sete países além do Brasil: Índia, Peru, França, Alemanha, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos. Conhecer os consumidores de países emergentes, como os brasileiros, indianos e peruanos, é crucial para as empresas que observam nesse público um mercado consumidor em expansão. Como se trata, também, de países que detém alta biodiversidade, os dados podem orientar novas práticas empresariais de divulgação de ações de responsabilidades socioambientais.