Comida verdadeira no Rio
“A beleza desta cidade, sua história e os grandes eventos que acontecerão por aqui são bons motivos para indicar a tantos visitantes endereços que favoreçam a agricultura local, com atenção ao produto saudável, à tradição gastronômica e ao clima amistoso que o só o Rio sabe oferecer”, diz Carlo Petrini no prefácio do Guia Slow Food, lançado durante a Rio+20.
São 100 dicas ótimas de bares, restaurantes, botecos, feiras pela cidade em versão bilíngue – inglês e português – que podem ser acessadas de graça.
Você provavelmente vai se deparar com restaurantes e bares que já frequentou na Zona Sul ou no Centro, mas o bacana é que o guia espicha a aventura gastronômica para comunidades como a Rocinha, por exemplo, ou a Favela do Vidigal.
Nesta última você vai encontrar o Paladar Nordestino, o Tia Léa e o bar da Casa Alto Vidigal, que tem uma das vistas mais lindas da cidade. O guia reúne dos mais simples e acessíveis aos mais sofisticados lugares do bem comer no Rio, além de projetos sociais inovadores, desenvolvidos em comunidades carentes, voltados para a agricultura e a culinária.
A filosofia do Slow Food, para além da tradução simples, aponta na direção do alimento bom, limpo, justo, com história, tradição, valorizando a cultura local. O movimento acredita no alimento em sentido
amplo, levando em conta a cadeia da terra à mesa, e na importância de preservar a biodiversidade e a cultura artesanal de cada povo, de cada país, em resposta à homogeneização do gosto e perda dos saberes tradicionais.
Podemos dizer também que o que comemos reflete não apenas quem somos, mas o que poderíamos vir a ser, cita Carmem Rial, em Brasil: Primeiros Escritos Sobre Comida e Identidade (UFSC, 2000).
Estão abertas as inscrições para o projeto Muros: Territórios Compartilhados, que vai selecionar dez propostas artísticas tendo muros de Fortaleza como estrutura. O projeto foi criado para estimular a produção, o pensamento e o diálogo sobre arte em espaço público. A ideia é transformar barreira em acesso e aproximar as artes visuais de quem passa pelas ruas. As propostas poderão ser colocadas em prática em muros de qualquer região da cidade, mas os muros fora do centro são um critério de peso na seleção.
A primeira edição aconteceu em Belo Horizonte, onde sete propostas foram apresentadas em diferentes regiões da cidade. Os trabalhos foram registrados em texto, fotografia e vídeos, disponíveis no site oficial.
Além dos limites espaciais, o projeto quer ainda ultrapassar o potencial de troca simbólica dos muros, já usados como painel tanto pela propaganda quanto pelo grafite.
Os selecionados receberão uma verba de R$ 1.500 para a realização dos trabalhos, prevista para agosto de 2012. Todo o processo será documentado e resultará em um catálogo, a ser lançado ainda neste ano, durante um seminário com curadores e artistas. Acesse o edital.
Literatura em duas tacadas
A teoria da literatura e do leitor fora dos seus clichês e limitações: esta é a dica de leitura dois em um deste mês: A Literatura em Perigo, de Tzvetan Todorov (Difel, 2010) e O Último Leitor, de Ricardo Piglia (Companhia das Letras, 2006). Todorov, importante historiador e ensaísta das letras, faz um tipo de mea-culpa, teórico que é, sobre a questão de a teoria ter se tornado mais importante que o próprio texto literário em seu ensino nas escolas. Em um manifesto da sua paixão pelos livros, diz o búlgaro: “Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Ter como professores Shakespeare, Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional?”
Já o livro de Ricardo Piglia nos conduz a uma deliciosa viagem pelo vínculo essencial entre obras e leitores. Não um leitor qualquer, mas aquele que se empenha de corpo e alma na tarefa de decifrar a página escrita, no intervalo perigoso entre a ficção e a realidade.