Como deve se desenrolar a transição da economia tradicional para a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, conforme a proposta da Rio+20? Essa é uma questão tão desafiadora que, antes de tentar respondê-la, o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE) – entidade sem fins lucrativos que mantém um contrato com a União supervisionado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – decidiu reunir dados por meio de uma consulta, sem preocupação amostral, às populações brasileira, francesa e sueca.
Intitulada Percepções da Economia Verde, a pesquisa, apresentada em um dos eventos paralelos oficiais da Conferência, mostrou que há uma grande convergência de opiniões de que o mundo caminha para uma situação de “insustentabilidade” e que a transição para a economia verde é necessária. Há consenso também de que um dos grandes desafios será considerar e respeitar o momento econômico dos países.
Segundo a pesquisa, os brasileiros demonstram certo receio de que haja interrupção do crescimento econômico. Por outro lado, defendem que uma parte dos lucros da exploração do pré-sal seja revertida para o esverdeamento da economia do País e para medidas de redução dos impactos ambientais locais e globais. Os países industrializados, por sua vez, veem na transição uma oportunidade de reativar suas economias. A pesquisa, ainda não publicada, foi feita em parceria com as entidades Growth Analysis, da Suécia, e Iddri, da França.
Para o assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, Sérgio Margulis, um dos debatedores na apresentação do estudo, a pesquisa do CGEE não tem valor científico, uma vez que não foi aplicada uma metodologia para selecionar a população entrevistada. Para ele, a transição para a economia verde não se dará por meio um “acordão” entre países, mas por uma conjunção de regras descentralizadas de cada um deles.