No último dia 10 de agosto foi realizado o Seminário de Compostagem na Cidade de São Paulo: Gestão Adequada dos Resíduos Orgânicos, na Câmara Municipal de São Paulo, para dar continuidade à proposta apresentada à Comissão Extraordinária Permanente do Meio Ambiente da Câmara Municipal no dia 23 de Maio. A proposta visa à legitimação e incorporação da Compostagem Urbana no plano de gestão de resíduos orgânicos produzidos na cidade, como uma estratégia convergente à Política Nacional de Resíduos Sólidos no município de São Paulo. O primeiro encontro realizado em Maio foi de grande valia para iniciar uma caminhada e aprofundamento no tema, aproximando a sociedade civil, que já possui iniciativas em compostagem, com o poder público que ainda encontra dificuldades de implementação em larga escala.
O seminário trouxe ao público e às autoridades, exemplos bem sucedidos e realistas , de diferentes escalas de compostagem, arejando o tema àqueles que ainda possuem preconceito ao pensar que o processo é ineficiente ou algo como “deixar o lixo em um cantinho, decompondo, atraindo ratos e produzindo mal cheiro”. Indo bem além, foi possível compreender que a compostagem é um processo controlado que inclusive é utilizado pela CETESB para tratar o lodo de esgostos, diminuindo a atração de vetores de doenças, e que é aplicado em domicílios, comunidades, empresas e indústrias.
Não foram deixados de lado os desafios e dificuldades encontradas neste processo, principalmente para a compostagem em larga escala ou que dependem de patrocínios ou verbas provindas de editais da prefeitura.
Se partirmos da menor escala, dentro de nossas casas podemos reduzir à quase zero nossa produção de resíduos, repensando nossos hábitos e fazendo escolhas conscientes, ou seja, prestando atenção naquilo que estamos consumindo, quantidade de produtos que compramos, materiais que embalam esses produtos etc. Além dessa observação e aprendizado de novos hábitos, podemos compostar grande parte dos nossos resíduos orgânicos (resto de comidas e podas de plantas) em minhocários, que ocupam pouco espaço e
aceleram o processo de compostagem, produzem húmus (adubo de alta qualidade) e biofertilizante (líquido equivalente ao chorume, que surge durante o processo. A diferença é que ele não está contaminado e portanto não recebe o nome de chorume).
O adube e biofertilizante ainda podem ser utilizados em casa mesmo, em hortas ou jardins para adubar as plantas, fechando assim um ciclo de vida, que não deixou rejeitos na natureza. Aquilo que não pode ser digerido pelas minhocas, será normalmente descartado para coleta da Prefeitura, mas já contribuindo muito para diminuir o volume de resíduos que vão para aterros. Esse foi o exemplo trazido pelo Cláudio Spínola, da Morada da Floresta. (http://www.moradadafloresta.org.br)
Outro exemplo interessante foi o da compostagem realizada na comunidade Chico Mendes, próxima à Florianópolis, e que ficou conhecida como Revolução dos Baldinhos. Os moradores se mobilizaram para recolher os resíduos orgânicos produzidos nas casas das famílias da comunidade, em baldinhos, e levá-los a um terreno próximo (sem a necessidade se deslocar por longas distâncias, evitando assim a emissão de gases por veículos) para fazer o descarte em leiras (fileiras de terra), que levam de 2 a 3 meses para decompor os orgânicos e produzir adubo de qualidade, que é utilizado na horta da comunidade ou comercializado. Veja vídeo sobre o projeto: http://www.youtube.com/watch?v=kv0bhlAD9o0
Passando para a compostagem de larga escala, foram apresentados alguns exemplos:
– Programa Feira Limpa: desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo/LIMPURB, que propôs a compostagem a partir dos resíduos produzidos pelas feiras livres da cidade. O projeto consiste na simples implementação de “BAGs” (sacolas de polipropileno) coloridas e orientação aos feirantes para separar os lixos conforme o tipo de resíduo.
– Programa Menos Lixo: faz a compostagem de podas de árvores em “Ecoponto” na Avenida Vicente Rao, localizada em bairro nobre de São Paulo, utilizando máquina trituradora para reduzir o material em pequenas partículas e leiras para o processo de decomposição. O projeto se iniciou em Março de 2012 após conseguir verba em edital da Prefeitura para ser implementado e terá duração até o final do mês. Eles aguardam resultado de novo edital para prosseguirem com a ação. O “Ecoponto” também recebe visita de escolas e outros interessados, sendo também um núcleo de Educação Ambiental.
– Compostagem empresarial: exemplos trazidos pela KMA (Korin Meio Ambiente) mostraram o desafio de compostar enormes quantidades de resíduos, como 15 toneladas/ dia. Em projeto piloto, verificou-se a possibilidade de compostar em 24horas, utilizando-se o produto Embiotic, que age como um acelerador de compostagem de forma fermentativa (http://www.kmambiente.com.br/produtos.html )
Renata Celete