Corpo, vazio e presença
“Para se entregar à obra de Antony Gormley, não se deve ater-se ao que está visível aos olhos, mas sim a algo muito mais sublime e ao mesmo tempo intenso, o sentimento de presença – algo que não é do léxico comum das artes visuais, mas que, quando ocorre, desnuda o verdadeiro acontecimento da arte.” A frase do curador Marcello Dantas é um bom ponto de entrada no universo do artista plástico londrino Antony Gormley. Mas tocante mesmo é se relacionar com suas esculturas-estátuas de homens nas pontas dos prédios, como a ponto de se jogarem no vazio. Ou andar por entre outras réplicas de seu corpo penduradas ou estiradas, em várias posições, no hall do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Depois de levar mais de 120 mil espectadores ao CCBB de São Paulo – e a sua extensão ao ar livre ter sido vista por cerca de um 1 milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú –, a mostra Corpos Presentes – Still Being, de Antony Gormley, fica no Rio até o fim deste mês e depois segue para Brasília.
A primeira individual do artista no país é composta ainda de 50 maquetes, 9 gravuras, 25 fotos e 6 vídeos, além de 11 obras que, juntas, reúnem quase uma centena de esculturas.
O ponto alto é a instalação Event Horizon (Horizonte de Eventos), que passou por Londres (2007) e Nova York (2010), além de São Paulo. São 31 esculturas de homens nus, moldadas em ferro fundido e fibra de vidro tomando-se por base o corpo do próprio autor. As figuras estão espalhadas pela paisagem urbana, nas beiradas de prédios altos e nas ruas. O artista tira o espectador de sua zona de conforto e cria uma paisagem que interfere no seu sistema de percepção da profundidade dentro do espaço público.
Baseando-se na tensão entre o corpo e o espaço, Antony Gormley redefiniu o vazio e o pleno e fez da observação sobre o corpo um procedimento participativo. “Para entender Gormley, é preciso ver com a pele, mensurar com os olhos e se deixar ocupar pelo essencial sentido de presença, ferramenta fundamental para vivenciar sua obra”, diz o curador brasileiro da exposição.
Viva Elis
Gratuita e no formato multimídia, a exposição Viva Elis celebra a carreira de uma das principais estrelas da MPB: Elis Regina. A mostra já passou por São Paulo e Porto Alegre e fica até o fim de setembro no CCBB do Rio de Janeiro.
Rica e diversificada, a mostra conta com 200 fotos de Elis Regina, além reunir trechos de entrevistas emblemáticas, ingressos, posters de shows, vídeos de apresentações, especiais de televisão, réplica de figurinos, revistas e jornais da época. Um documentário com depoimentos de vários artistas que trabalharam com Elis também faz parte do conjunto.
Mas a sala mais emocionante é aquela em que as pessoas podem sentir toda a potência da voz da cantora, interpretando clássicos da MPB, sem acompanhamento instrumental.
O conteúdo da exposição, sob curadoria de Allen Guimarães, é composto por arquivos da família, materiais cedidos pela imprensa e doações de milhares de fãs, que entraram em contato assim que tiveram conhecimento do projeto. As próximas cidades a receberem a exposição serão Belo Horizonte e Recife.
Use o assento para Flutuar
A editora Patuá acaba de lançar o terceiro livro do poeta Leo Gonçalves, Use o Assento para Flutuar. Escrito entre 2005 e 2012, a obra vai do amor ao humor, da influência da poesia caribenha e africana a um retrato do mundo pós queda das torres gêmeas, fazendo um testemunho da época em 40 poemas, entre inéditos e reedições.
Artista de múltiplas ferramentas, Leo Gonçalves é também performer, artista sonoro e visual, além de tradutor, ensaísta e divulgador da poesia do mundo. Traduziu em parceria com Mário Alves Coutinho o livro Canções da Inocência e da Experiência, de William Blake.
Em parceria com Andityas Soares de Moura, traduziu Isso, de Juan Gelman, publicado na coleção Poetas do Mundo, da UnB, e a peça O Doente Imaginário, de Molière. Também traduziu para revistas literárias poetas como Aimé Césaire, Léopold Sédar Senghor, William Burroughs, Allen Ginsberg, Heriberto Yépez, Gérard de Nerval e Tristan Tzara.[:en]Corpo, vazio e presença
“Para se entregar à obra de Antony Gormley, não se deve ater-se ao que está visível aos olhos, mas sim a algo muito mais sublime e ao mesmo tempo intenso, o sentimento de presença – algo que não é do léxico comum das artes visuais, mas que, quando ocorre, desnuda o verdadeiro acontecimento da arte.” A frase do curador Marcello Dantas é um bom ponto de entrada no universo do artista plástico londrino Antony Gormley. Mas tocante mesmo é se relacionar com suas esculturas-estátuas de homens nas pontas dos prédios, como a ponto de se jogarem no vazio. Ou andar por entre outras réplicas de seu corpo penduradas ou estiradas, em várias posições, no hall do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Depois de levar mais de 120 mil espectadores ao CCBB de São Paulo – e a sua extensão ao ar livre ter sido vista por cerca de um 1 milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú –, a mostra Corpos Presentes – Still Being, de Antony Gormley, fica no Rio até o fim deste mês e depois segue para Brasília.
A primeira individual do artista no país é composta ainda de 50 maquetes, 9 gravuras, 25 fotos e 6 vídeos, além de 11 obras que, juntas, reúnem quase uma centena de esculturas.
O ponto alto é a instalação Event Horizon (Horizonte de Eventos), que passou por Londres (2007) e Nova York (2010), além de São Paulo. São 31 esculturas de homens nus, moldadas em ferro fundido e fibra de vidro tomando-se por base o corpo do próprio autor. As figuras estão espalhadas pela paisagem urbana, nas beiradas de prédios altos e nas ruas. O artista tira o espectador de sua zona de conforto e cria uma paisagem que interfere no seu sistema de percepção da profundidade dentro do espaço público.
Baseando-se na tensão entre o corpo e o espaço, Antony Gormley redefiniu o vazio e o pleno e fez da observação sobre o corpo um procedimento participativo. “Para entender Gormley, é preciso ver com a pele, mensurar com os olhos e se deixar ocupar pelo essencial sentido de presença, ferramenta fundamental para vivenciar sua obra”, diz o curador brasileiro da exposição.
Viva Elis
Gratuita e no formato multimídia, a exposição Viva Elis celebra a carreira de uma das principais estrelas da MPB: Elis Regina. A mostra já passou por São Paulo e Porto Alegre e fica até o fim de setembro no CCBB do Rio de Janeiro.
Rica e diversificada, a mostra conta com 200 fotos de Elis Regina, além reunir trechos de entrevistas emblemáticas, ingressos, posters de shows, vídeos de apresentações, especiais de televisão, réplica de figurinos, revistas e jornais da época. Um documentário com depoimentos de vários artistas que trabalharam com Elis também faz parte do conjunto.
Mas a sala mais emocionante é aquela em que as pessoas podem sentir toda a potência da voz da cantora, interpretando clássicos da MPB, sem acompanhamento instrumental.
O conteúdo da exposição, sob curadoria de Allen Guimarães, é composto por arquivos da família, materiais cedidos pela imprensa e doações de milhares de fãs, que entraram em contato assim que tiveram conhecimento do projeto. As próximas cidades a receberem a exposição serão Belo Horizonte e Recife.
Use o assento para Flutuar
A editora Patuá acaba de lançar o terceiro livro do poeta Leo Gonçalves, Use o Assento para Flutuar. Escrito entre 2005 e 2012, a obra vai do amor ao humor, da influência da poesia caribenha e africana a um retrato do mundo pós queda das torres gêmeas, fazendo um testemunho da época em 40 poemas, entre inéditos e reedições.
Artista de múltiplas ferramentas, Leo Gonçalves é também performer, artista sonoro e visual, além de tradutor, ensaísta e divulgador da poesia do mundo. Traduziu em parceria com Mário Alves Coutinho o livro Canções da Inocência e da Experiência, de William Blake.
Em parceria com Andityas Soares de Moura, traduziu Isso, de Juan Gelman, publicado na coleção Poetas do Mundo, da UnB, e a peça O Doente Imaginário, de Molière. Também traduziu para revistas literárias poetas como Aimé Césaire, Léopold Sédar Senghor, William Burroughs, Allen Ginsberg, Heriberto Yépez, Gérard de Nerval e Tristan Tzara.