O desafio é implementar a prática sem perder a essência
Como garantir que a mensagem continue a mesma quando chega às pontas, quando a essência da sustentabilidade é traduzida no pragmatismo tão esperado pelos líderes do movimento? Traduzir a essência em metas e certificações pode fazer com que se perca a visão sistêmica. E isso não é exclusividade dessa área. Da mesma forma que os movimentos de transformação em geral, a sustentabilidade tende a enfrentar o dilema essência versus pragmatismo.
Paulo Groke, diretor de meio ambiente do Instituto Ecofuturo, acredita que o pragmatismo pode conduzir a uma grande perda: “O sistema socioambiental é integrado e complexo. Deve ser constantemente revisitado para avaliação de seus objetivos. Os sistemas de certificação, propulsores de grandes mudanças, entraram em modo operacional. A máquina econômica sempre busca um modo de operar mais confortavelmente. Os elementos se adaptam e as coisas entram novamente em uma zona de conforto, mas a busca da sustentabilidade exige um constante desconforto”.
O olhar para a sustentabilidade deve estar sempre à frente, mas as organizações precisam criar mecanismos capazes de efetuar constantes ajustes nas estratégias, fundamentados nos avanços do conhecimento científico, mas tendo os valores éticos como principal substrato.
Otto Scharmer, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e um dos autores da Teoria U [1], avalia que falta ao capitalismo um mecanismo de coordenação, crucial para responder aos problemas que os atores-chave provocam e entender as crises em sua totalidade. Em uma das muitas entrevistas que concedeu, Scharmer diagnostica: “A dificuldade está no fato de que, em nossas economias, não temos espaços nem instituições que convoquem os diversos stakeholders e lhes permitam embarcar no processo de atuar em conjunto. Devemos desenvolver habilidades para a liderança coletiva, mas nosso sistema educacional não está preparado para isso”.
A Teoria U propõe uma fonte mais profunda de aprendizagem, decorrente de um estado de coração, mente e vontade francamente abertos. Não apenas usando a experiência anterior, mas a partir da construção prática de uma visão de futuro. Tem sido adotada no mundo corporativo por grandes empresas, como HP, Shell, Google e Daimler
Para Luis Fernando Laranja, da Ouro Verde Amazônia, a solução pode estar em um futuro próximo. “Uma geração nova está chegando aos cargos iniciais nas empresas. Em casos recentes, tenho entrevistado pessoas para contratar na faixa de 25 a 30 anos que já têm uma visão de sustentabilidade. Eles já vêm pré-carimbados com esse conceito. Não são ativistas radicais, são mais meio-termo, mas na média essa geração é muito mais consciente do que a minha.”
Leia mais: Chegou a vez da média gerência?
[:en]O desafio é implementar a prática sem perder a essência
Como garantir que a mensagem continue a mesma quando chega às pontas, quando a essência da sustentabilidade é traduzida no pragmatismo tão esperado pelos líderes do movimento? Traduzir a essência em metas e certificações pode fazer com que se perca a visão sistêmica. E isso não é exclusividade dessa área. Da mesma forma que os movimentos de transformação em geral, a sustentabilidade tende a enfrentar o dilema essência versus pragmatismo.
Paulo Groke, diretor de meio ambiente do Instituto Ecofuturo, acredita que o pragmatismo pode conduzir a uma grande perda: “O sistema socioambiental é integrado e complexo. Deve ser constantemente revisitado para avaliação de seus objetivos. Os sistemas de certificação, propulsores de grandes mudanças, entraram em modo operacional. A máquina econômica sempre busca um modo de operar mais confortavelmente. Os elementos se adaptam e as coisas entram novamente em uma zona de conforto, mas a busca da sustentabilidade exige um constante desconforto”.
O olhar para a sustentabilidade deve estar sempre à frente, mas as organizações precisam criar mecanismos capazes de efetuar constantes ajustes nas estratégias, fundamentados nos avanços do conhecimento científico, mas tendo os valores éticos como principal substrato.
Otto Scharmer, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e um dos autores da Teoria U [1], avalia que falta ao capitalismo um mecanismo de coordenação, crucial para responder aos problemas que os atores-chave provocam e entender as crises em sua totalidade. Em uma das muitas entrevistas que concedeu, Scharmer diagnostica: “A dificuldade está no fato de que, em nossas economias, não temos espaços nem instituições que convoquem os diversos stakeholders e lhes permitam embarcar no processo de atuar em conjunto. Devemos desenvolver habilidades para a liderança coletiva, mas nosso sistema educacional não está preparado para isso”.
A Teoria U propõe uma fonte mais profunda de aprendizagem, decorrente de um estado de coração, mente e vontade francamente abertos. Não apenas usando a experiência anterior, mas a partir da construção prática de uma visão de futuro. Tem sido adotada no mundo corporativo por grandes empresas, como HP, Shell, Google e Daimler
Para Luis Fernando Laranja, da Ouro Verde Amazônia, a solução pode estar em um futuro próximo. “Uma geração nova está chegando aos cargos iniciais nas empresas. Em casos recentes, tenho entrevistado pessoas para contratar na faixa de 25 a 30 anos que já têm uma visão de sustentabilidade. Eles já vêm pré-carimbados com esse conceito. Não são ativistas radicais, são mais meio-termo, mas na média essa geração é muito mais consciente do que a minha.”
Leia mais: Chegou a vez da média gerência?