Quem vê a população cada vez mais longeva, os saltos tecnológicos da medicina e os alimentos turbinados com aditivos “saudáveis” não titubeia ao dizer: vivemos mais e melhor. Mas quem vê cara nem sempre vê coração, e este esconde alguns fatos em suas cavidades.
Apesar de toda a evolução na especialização médica, cresce a busca por uma abordagem menos mecânica e mais integrada do ser humano, reconhecido em todas as suas dimensões, como diz o médico Fernando Bignardi em Entrevista. Há uma constatação de que a relação médico-paciente se deteriorou, e precisa ser transformada em menos receituário e mais parceria.
Novas “doenças” têm sido fabricadas por um mercado bilionário. Só a do anti-aging, que trata o envelhecimento como uma patologia, movimenta quase US$ 100 bilhões ao ano nos Estados Unidos.
É bem importante e louvável a orientação da indústria de alimentos e bebidas por produtos que ofereçam menos riscos à saúde e combatam a desnutrição, mas há receio de que a comunicação a respeito disso induza o consumidor a preferir alimentos processados aos frescos e naturais, de fato mais saudáveis.
Assim, responder à pergunta “vivemos melhor?” não é tão simples. Mas essa inquietação é positiva para que possamos evoluir de fato em termos de saúde e bem-estar. O desafio da sustentabilidade é buscar um desenvolvimento integrado e transversal entre todas as partes da sociedade e com a natureza, capaz de alinhar essência e prática. Se somos a mudança que queremos ver no mundo, o mesmo se aplica ao nível individual: usar todo o conhecimento acumulado pela especialização, mas de forma integrada, equilibrada com o ambiente do qual fazemos parte e alinhada à nossa missão de vida.
Nesta edição bimestral, de dezembro e janeiro, temos o prazer de apresentar o novo colunista, Tão Gomes Pinto, que, na seção Daqui Pra Lá, escreve sobre o Primeiro Mundo a partir de uma perspectiva bem brasileira.
Boa leitura e boas festas! Voltaremos à carga em fevereiro de 2013.