De tanto argumentar com muitas pessoas sobre a importância de andar a pé para conhecer a cidade, os amigos e moradores de São Paulo Edson Silva, Letícia Sabino, Renata Eschiletti e Victor Mendes decidiram organizar caminhadas guiadas. E fundaram o SampaPé, com o objetivo de melhorar o relacionamento dos cidadãos com sua cidade por meio do conhecimento e experimentação das ruas.
Desde agosto de 2012, eles levaram 12 turmas a bairros como Bexiga, Pinheiros, Capão Redondo e Ipiranga e tiveram cerca de 350 participantes, entre paulistanos e turistas de todas as idades.
Além de conhecer os pontos mais movimentados e importantes de cada lugar, a equipe do SampaPé conta a história e as curiosidades dos bairros. Em março, depois de uma votação na internet, foram à Penha, na Zona Leste. “É um bairro riquíssimo em histórias e com um passado que deveria ser mais divulgado e valorizado. É uma pena considerarmos “exótica” a ida até lá. Deveria ser natural”, diz Letícia. Ela conta que na Cidade do México um dos bairros mais visitados é Coyoacán, mesmo sendo afastado do centro da capital mexicana, porque soube valorizar o seu passado colonial. “Vejo a Penha exatamente da mesma forma, e com esse potencial”, diz.
O “carrocentrismo” e o medo da violência, segundo ela, são as principais razões por ter tornado a cidade pouco convidativa aos pedestres.
As ações do SampaPé vão além dos passos dados. No site sampape.com.br, é possível encaminhar denúncias de calçadas irregulares a vereadores e ao projeto Guardiões das Calçadas, da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB). Segundo Letícia, o canal “Desembucha!”, que faz parte do site, ainda é pouco aproveitado pelas pessoas – que, mesmo gostando de reclamar, não estão acostumadas a usar um canal oficial de comunicação com o poder público.