A professora Elizabete Rodrigues do Amapá viajou para expor seu projeto de biodigestor que criou com alunos em sua casa
Elizabete Rodrigues queria ser professora desde os 6 anos. Só não imaginava que isso a faria voar longe: de Laranjal do Jari (AP) aos Estados Unidos, para participar de uma das feiras de ciências mais importantes do mundo.
Professora de Física e Matemática na Escola Estadual Mineko Hayashida, Elizabete juntou-se com três estudantes e desenvolveu no quintal de sua casa o projeto “Biojari, as mudanças começam a partir de novas ideias”, que previa a construção de um biodigestor que transforma lixo em gás para a população. Eles foram premiados no Brasil e, no ano passado, receberam um convite para participar da Intel International Science and Engineering Fair (Isef), em Pittsburgh.
Para chegarem lá, no entanto, tiveram de vencer obstáculos. Precisavam tirar vistos, conseguir dinheiro para a passagem e aprender inglês. Conseguiram graças à ajuda de amigos e vendendo bolos. Contrataram um professor de inglês, mas, como o tempo era curto, gravaram as falas da apresentação do projeto em um celular e ficaram ouvindo todos os dias, até decorar.
A participação na feira foi um sucesso e Elizabete trouxe de volta um exemplo de perseverança e luta. Em março, apresentou sua história no TEDx Ver-o-Peso, em Belém do Pará.
Hoje, Elizabete incentiva a prefeitura de Laranjal a promover feiras científicas. “Tento mostrar que pesquisar é buscar soluções. De que adianta fazer um projeto para resolver os problemas em São Paulo se a gente está rodeado de problemas aqui?”, provoca.
Pensando nisso, a professora criou um repelente orgânico contra formigas-de-fogo, as lava-pés, desenvolvido com alunos em sua casa. E voltará aos Estados Unidos para participar da feira. Mas as dificuldades para conseguir chegar lá já começaram. Elizabete ainda não sabe como vai arcar com os custos da viagem, mais uma vez.