Este mês, falo de duas casas/projetos que inspiram e respiram cultura e estão de portas abertas ao visitante flutuante ou frequente. Com vocês, Nós do Morro, no Rio de Janeiro, e Instituto Caracol, em Navegantes (SC). Espaços de experienciar a vida dependem de um passo à frente.
O grupo já ganhou prêmios, ficou conhecido fora do Brasil pelo cinema e pelos atores que participaram do marco Cidade de Deus e, volta e meia, empresta seus talentos para a televisão. Mas conhecer a sede do Nós do Morro na comunidade do Vidigal e assistir a uma de suas produções no teatro – origem e uma certa vocação essencial – tem outro gosto e forte inspiração. Ao longo de 26 anos de existência e resistência cultural, o grupo é reconhecido como um exemplo de inserção sociocultural, fomento à empregabilidade e à formação técnica artística. Cerca de 11 mil pessoas já passaram pelas oficinas do Nós, que também mantém dois núcleos, em Nova Iguaçu e Saquarema, além da sede do Morro do Vidigal. Anualmente, cerca de 300 pessoas são atendidas pelas atividades de iniciação e formação artística.
Toda terça-feira, com entrada franca, o público pode assistir à peça Bandeira de Retalhos, inspirada no ativismo de moradores do Morro do Vidigal na década de 70, entre eles o próprio autor, o músico, cineasta e dramaturgo Sérgio Ricardo. No teatrinho italiano, o público vivencia a rotina da favela, amores, violência, amizades, precariedade, autoritarismos, dignidade e sobrevivência. Uma multidão de atores, que encena com o naturalismo de quem vive ou viveu lá, canta, interpreta e arrebata a pequena plateia.
Com direção-geral de Guti Fraga e Fátima Domingues, a peça traz para a ficção o episódio histórico de 1977, quando o governo tentou expulsar parte dos moradores da favela. Eles resistiram e, com o apoio da população, de setores da Igreja Católica e da imprensa, mudaram a demografia do Rio de Janeiro.
Vai lá: nosdomorro.com.br
CONTÉM CULTURA NO CARACOL
Um antigo contêiner de uma empresa portuária de Santa Catarina circula pela região de Navegantes e Itajaí com uma carga diferente. São livros, projetores, oficinas de leitura, papelão, música, dança e artistas educadores. Pintado e reformado, é a
sede itinerante do Contém Cultura, projeto desenvolvido pelo Instituto Caracol, criação de um casal de navegantinos, Cristiano
e Patrícia Moreira.
O Contém Cultura cumpre temporadas em pequenas cidades, disseminando novos ares para crianças das escolas públicas e população, gratuitamente. A ideia de Cristiano e Patrícia é dar acesso e fazer circular cultura e arte de maneira andarilha, divertida e diversa, porque assim entendem o sentido de trabalho. E não é que este entendimento encontrou eco na necessidade de marketing social e cultural das grandes empresas?
A Portonave adaptou o contêiner e patrocina o projeto, enquanto um guindaste tira e põe o equipamento por onde a caravana passa. A dupla criadora do Contém Cultura reúne-se com autoridades do município, representantes das escola e convoca o público.
Em Porto Belo, um artista local mostrava seus inventos enquanto contava a própria história e dizia às crianças que com amizade e respeito se dá a volta ao mundo. Na sede-mãe do Caracol, em Navegantes, uma casa aconchegante recebe os visitantes para oficinas, conversas literárias, lançamentos, exposições e até um cineminha, no Cineclube Divineia, num movimento estimulante e formador.
Cristiano e Patrícia se conheceram perto dos 5 anos em ruas vizinhas de Navegantes. Mantêm a potência da criação com trabalho e paixão. “O nome caracol foi escolhido por sua forma, por disseminar uma variedade de símbolos relativos à colheita, ao entendimento do tempo, à formação do pensamento dinâmico, do sistema auditivo e, ainda, por transportar sua casa. Lembremos que casa, oikos em grego, possui a mesma raiz de “economia” e “ecologia”. Assim somos nós, casas nômades entre as imagens e leituras do mundo”, explicam.
Vai lá: institutocaracol.org.br[:en]Este mês, falo de duas casas/projetos que inspiram e respiram cultura e estão de portas abertas ao visitante flutuante ou frequente. Com vocês, Nós do Morro, no Rio de Janeiro, e Instituto Caracol, em Navegantes (SC). Espaços de experienciar a vida dependem de um passo à frente.
O grupo já ganhou prêmios, ficou conhecido fora do Brasil pelo cinema e pelos atores que participaram do marco Cidade de Deus e, volta e meia, empresta seus talentos para a televisão. Mas conhecer a sede do Nós do Morro na comunidade do Vidigal e assistir a uma de suas produções no teatro – origem e uma certa vocação essencial – tem outro gosto e forte inspiração. Ao longo de 26 anos de existência e resistência cultural, o grupo é reconhecido como um exemplo de inserção sociocultural, fomento à empregabilidade e à formação técnica artística. Cerca de 11 mil pessoas já passaram pelas oficinas do Nós, que também mantém dois núcleos, em Nova Iguaçu e Saquarema, além da sede do Morro do Vidigal. Anualmente, cerca de 300 pessoas são atendidas pelas atividades de iniciação e formação artística.
Toda terça-feira, com entrada franca, o público pode assistir à peça Bandeira de Retalhos, inspirada no ativismo de moradores do Morro do Vidigal na década de 70, entre eles o próprio autor, o músico, cineasta e dramaturgo Sérgio Ricardo. No teatrinho italiano, o público vivencia a rotina da favela, amores, violência, amizades, precariedade, autoritarismos, dignidade e sobrevivência. Uma multidão de atores, que encena com o naturalismo de quem vive ou viveu lá, canta, interpreta e arrebata a pequena plateia.
Com direção-geral de Guti Fraga e Fátima Domingues, a peça traz para a ficção o episódio histórico de 1977, quando o governo tentou expulsar parte dos moradores da favela. Eles resistiram e, com o apoio da população, de setores da Igreja Católica e da imprensa, mudaram a demografia do Rio de Janeiro.
Vai lá: nosdomorro.com.br
CONTÉM CULTURA NO CARACOL
Um antigo contêiner de uma empresa portuária de Santa Catarina circula pela região de Navegantes e Itajaí com uma carga diferente. São livros, projetores, oficinas de leitura, papelão, música, dança e artistas educadores. Pintado e reformado, é a
sede itinerante do Contém Cultura, projeto desenvolvido pelo Instituto Caracol, criação de um casal de navegantinos, Cristiano
e Patrícia Moreira.
O Contém Cultura cumpre temporadas em pequenas cidades, disseminando novos ares para crianças das escolas públicas e população, gratuitamente. A ideia de Cristiano e Patrícia é dar acesso e fazer circular cultura e arte de maneira andarilha, divertida e diversa, porque assim entendem o sentido de trabalho. E não é que este entendimento encontrou eco na necessidade de marketing social e cultural das grandes empresas?
A Portonave adaptou o contêiner e patrocina o projeto, enquanto um guindaste tira e põe o equipamento por onde a caravana passa. A dupla criadora do Contém Cultura reúne-se com autoridades do município, representantes das escola e convoca o público.
Em Porto Belo, um artista local mostrava seus inventos enquanto contava a própria história e dizia às crianças que com amizade e respeito se dá a volta ao mundo. Na sede-mãe do Caracol, em Navegantes, uma casa aconchegante recebe os visitantes para oficinas, conversas literárias, lançamentos, exposições e até um cineminha, no Cineclube Divineia, num movimento estimulante e formador.
Cristiano e Patrícia se conheceram perto dos 5 anos em ruas vizinhas de Navegantes. Mantêm a potência da criação com trabalho e paixão. “O nome caracol foi escolhido por sua forma, por disseminar uma variedade de símbolos relativos à colheita, ao entendimento do tempo, à formação do pensamento dinâmico, do sistema auditivo e, ainda, por transportar sua casa. Lembremos que casa, oikos em grego, possui a mesma raiz de “economia” e “ecologia”. Assim somos nós, casas nômades entre as imagens e leituras do mundo”, explicam.
Vai lá: institutocaracol.org.br