Há cinco anos, a reportagem “Vitrine ou Vidraça?”chamava atenção para as oportunidades que a realização de megaeventos esportivos no Brasil criaria em termos de projetos de desenvolvimento, tanto local como nacionalmente.
A experiência de cidades como Barcelona e Londres mostra que a “colheita” de legados positivos dos eventos somente seria possível com um “plantio” bem planejado, trabalhado com antecedência, e não apenas voltado para obras de infraestrutura – mas sobretudo decorrente do fortalecimento da sociedade, de suas instituições, de sua cultura e da capacidade de articulação e engajamento dos cidadãos. Algo que não se constrói a ritmo de caixa.
Mas, de lá pra cá, muitas chances foram desperdiçadas, fazendo de vidraça potenciais vitrines que o País poderia apresentar. Já naquela edição, apontamos como o tempo era curto. Agora, a apenas um ano da Copa do Mundo e a três das Olimpíadas, o cronômetro estampado na capa sinaliza o tempo exíguo – mas não de todo perdido.
A busca de um balanço entre os resultados positivos e negativos, por si só, abre oportunidades de reflexão e críticas que contribuem para o nosso amadurecimento. Nesse sentido, a entrevista com o “estilingue” Juca Kfouri (à pág. 14) cumpre bem o papel – assim como a reportagem sobre educação corporal nas escolas (pág. 44).
O gancho dos megaeventos nos leva a pensar na capacidade transformadora que o esporte carrega, a começar pela valorização do bem-estar e pela busca da justa medida entre cooperação e competição que nos deverá guiar em todas as fases e situações da vida, partindo do desenvolvimento individual para o coletivo. Que o fair play reproduza-se para bem além das quadras, dos campos e das pistas.
Boa leitura!