Um duvidoso vínculo entre o conceito de desenvolvimento sustentável do Relatório Brundtland (1987) e a tese dos “três pilares” da sustentabilidade – o econômico, o social e o ambiental – foi assumido como verdade por muitos profissionais da área de sustentabilidade e até por documentos oficiais, incluindo relatórios da ONU. Pois o professor José Eli da Veiga questiona esse dogma no quarto capítulo de seu mais novo livro, A Desgovernança Mundial da Sustentabilidade (Editora 34).
“A verdade, contudo, é que em 1992 essa bizarra parábola dos ‘três pilares’ nem sequer havia sido inventada. Ela só começou a ser difundida a partir de 1997, e no contexto das empresas, não das nações”, escreve Veiga na página 108, em alusão à célebre proposição da triple bottom line, expressão cunhada em 1994 pelo britânico John Elkington, fundador da consultoria Sustainability. Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI/USP), Veiga observa que há uma diversidade de dimensões do desenvolvimento, a exemplo das dimensões política e da segurança.
E faz questão de destacar o “meio ambiente como base e condição material – biogeofísica – de qualquer possibilidade de desenvolvimento humano” (p. 110). Desfeita a confusão em torno dos três pilares, o autor conclui que uma governança efetiva da sustentabilidade dependerá essencialmente da relação que a China mantiver com os Estados Unidos (mais Cooperar para transformar ). O evento de lançamento da obra, promovido em 16 de maio na Sala Crisantempo, em São Paulo, contou com a participação na mesa de três ex-ministros Rubens Ricupero, Celso Lafer e Marina Silva.
pequena mineração, apesar do adjetivo, tem um papel significativo no total de recursos minerais extraídos do solo brasileiro. Dependendo do tipo de minério, chega a representar 80% da produção. Na Amazônia, onde se concentra o principal foco da atividade, a maior ocorrência é de garimpo de ouro de aluvião, que atrai cerca de 450 mil trabalhadores. “O que caracteriza pequenos mineradores é a falta de recursos, de gestão e de governança. Eles operam na informalidade”, explica o professor Giorgio Francesco Cesare de Tomi, do Laboratório de Planejamento e Gestão de Sistemas Georreferenciados (Lapol), da Universidade de São Paulo. De Tomi é idealizador do Núcleo de Apoio à Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável, no qual desenvolve trabalhos com garimpeiros que não sabem como se legalizar. “O governo tenta executar algumas medidas de apoio, mas é muito difícil. Fiscalizar uma ou duas minas da Vale é tranquilo. Mas como vistoriar milhares de pequenas operações?”, questiona. Outro problema grave a enfrentar é o uso do mercúrio nos garimpos. Uma das alternativas apresentadas por De Tomi é a sua substituição pelo cianeto, um produto químico que, assim como o mercúrio, também consegue combinar-se com o ouro. “O cianeto é poluente se for jogado puro no meio ambiente. Mas, s