Jornalista da família Mesquita anteviu o drama atual da imprensa e critica as formas de enfrentamento da crise pelas empresas de comunicação
Nascido dentro de um império jornalístico – o Grupo Estado –, Rodrigo Mesquita articulou-se com o futuro da informação, que estava muito além do papel impresso, pensando no destino da empresa diante das crises reticentes com as quais convivia.
Em 1990, por exemplo, antes mesmo da introdução da internet no cotidiano do jornalismo, abandonou o sonho de ser o “repórter dos confins” – ou seja, de buscar a informação onde ela estivessse – e criou um sistema de informações econômico-financeiras em tempo real transmitido por FM, o conhecido Broadcast. Em 1992, já era líder desse mercado, posição que ainda ocupa mesmo com a competição de gigantes como Reuters e Bloomberg. “Considerei a Broadcast como um aprendizado para o mundo da informação computadorizada que se aproximava”, diz Mesquita, que passou a participar em 1995 do Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O Media Lab foi um dos primeiros fóruns de discussão do novo cenário que se estava desenhando no fim do século passado.
Em artigo publicado em 1997, Mesquita já previa que o futuro estaria na abertura de novas áreas de atuação dentro da rede e não no papel. Futuro este que não chegou de repente: “O atual drama dos jornais foi provocado pelo fato de terem o monopólio dos classificados durante 40 anos. Toda indústria que atinge a produção monopolista emburrece”, explica, em entrevista à PÁGINA22.
Presos na gestão do fluxo de caixa, os jornais menosprezaram novas possibilidades de eles empreenderem como comunicadores. Enquanto isso, a internet possibilitou a pessoas e empresas participar da rede como fontes primárias, descartando a necessidade da mediação do jornalismo tradicional. “Até pouco tempo, quem quisesse se relacionar com o público precisava fazer lobby sobre as estruturas jornalísticas ou comprar espaço publicitário. Hoje, isso não é mais necessário, afetando o caixa.”
Nesse mundo em transformação, Mesquita condena a troca de jornalistas experientes e mais “caros” por outros, iniciantes. “As empresas deveriam estar pensando em novas formas de relações entre capital e trabalho, como criar condições para que esses jornalistas experientes abram sua própria empresa para fornecer conteúdo qualificado”, aconselha.
Para ele, cortar custos por causa da queda de publicidade é decretar a própria morte. Já na rede, ele vê um campo aberto de oportunidades. “ O futuro do jornalista está no empreendedorismo. E o das empresas jornalísticas – as que sobreviverem –, em seu processo de digitalização. E este processo abre uma nova frente de serviços e amplia as possibilidades de articulação com as demandas da sociedade por meio do social commerce.”
A seu ver, a nova infraestrutura de comunicação que se desenha não descarta o papel do jornalista. “Agora, o profissional de informação é necessário para filtrar as informações que têm consistência, separando-as das besteiras que circulam na internet. Mais de 50% dos usuários da rede não consegue fazer essa distinção.”
Mesquita ressalta que a crise está é no jornal de papel. “O papel do jornal é um espaço que continua aberto para ser ocupado” (mais nesse link)
Desde 2002, ele se dedica à Sagres, empresa especializada em criar processos de articulação na rede para empresas, setores e entidades. Entre seus principais trabalhos estão a Teia, maior projeto de processos crowdsourcing do Brasil, e a rede social CIM, que leva informação e novas tecnologias para municípios paulistas. (leia a íntegra da entrevista de Rodrigo Mesquita para PÁGINA22 aqui).
Leia mais sobre novos formatos de distribuição da informação aqui.
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Jornalista da família Mesquita anteviu o drama atual da imprensa e critica as formas de enfrentamento da crise pelas empresas de comunicação
Nascido dentro de um império jornalístico – o Grupo Estado –, Rodrigo Mesquita articulou-se com o futuro da informação, que estava muito além do papel impresso, pensando no destino da empresa diante das crises reticentes com as quais convivia.
Em 1990, por exemplo, antes mesmo da introdução da internet no cotidiano do jornalismo, abandonou o sonho de ser o “repórter dos confins” – ou seja, de buscar a informação onde ela estivessse – e criou um sistema de informações econômico-financeiras em tempo real transmitido por FM, o conhecido Broadcast. Em 1992, já era líder desse mercado, posição que ainda ocupa mesmo com a competição de gigantes como Reuters e Bloomberg. “Considerei a Broadcast como um aprendizado para o mundo da informação computadorizada que se aproximava”, diz Mesquita, que passou a participar em 1995 do Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O Media Lab foi um dos primeiros fóruns de discussão do novo cenário que se estava desenhando no fim do século passado.
Em artigo publicado em 1997, Mesquita já previa que o futuro estaria na abertura de novas áreas de atuação dentro da rede e não no papel. Futuro este que não chegou de repente: “O atual drama dos jornais foi provocado pelo fato de terem o monopólio dos classificados durante 40 anos. Toda indústria que atinge a produção monopolista emburrece”, explica, em entrevista à PÁGINA22.
Presos na gestão do fluxo de caixa, os jornais menosprezaram novas possibilidades de eles empreenderem como comunicadores. Enquanto isso, a internet possibilitou a pessoas e empresas participar da rede como fontes primárias, descartando a necessidade da mediação do jornalismo tradicional. “Até pouco tempo, quem quisesse se relacionar com o público precisava fazer lobby sobre as estruturas jornalísticas ou comprar espaço publicitário. Hoje, isso não é mais necessário, afetando o caixa.”
Nesse mundo em transformação, Mesquita condena a troca de jornalistas experientes e mais “caros” por outros, iniciantes. “As empresas deveriam estar pensando em novas formas de relações entre capital e trabalho, como criar condições para que esses jornalistas experientes abram sua própria empresa para fornecer conteúdo qualificado”, aconselha.
Para ele, cortar custos por causa da queda de publicidade é decretar a própria morte. Já na rede, ele vê um campo aberto de oportunidades. “ O futuro do jornalista está no empreendedorismo. E o das empresas jornalísticas – as que sobreviverem –, em seu processo de digitalização. E este processo abre uma nova frente de serviços e amplia as possibilidades de articulação com as demandas da sociedade por meio do social commerce.”
A seu ver, a nova infraestrutura de comunicação que se desenha não descarta o papel do jornalista. “Agora, o profissional de informação é necessário para filtrar as informações que têm consistência, separando-as das besteiras que circulam na internet. Mais de 50% dos usuários da rede não consegue fazer essa distinção.”
Mesquita ressalta que a crise está é no jornal de papel. “O papel do jornal é um espaço que continua aberto para ser ocupado” (mais nesse link)
Desde 2002, ele se dedica à Sagres, empresa especializada em criar processos de articulação na rede para empresas, setores e entidades. Entre seus principais trabalhos estão a Teia, maior projeto de processos crowdsourcing do Brasil, e a rede social CIM, que leva informação e novas tecnologias para municípios paulistas. (leia a íntegra da entrevista de Rodrigo Mesquita para PÁGINA22 aqui).
Leia mais sobre novos formatos de distribuição da informação aqui.