O quarto poder em rede
A revolução digital não veio apenas alterar a plataforma usada pela comunicação. Tudo indica que a teoria do professor canadense Marshall McLuhan, de meados do século XX, comprova-se novamente: o meio é a mensagem, ou seja, mais que transmitir a informação, o meio age como elemento determinante para a mensagem.
A comunicação em rede eletrônica, cada vez menos hierarquizada e cada vez mais acessível e colaborativa, afeta em cheio as empresas de jornalismo, cujo modelo de negócios não se reinventa desde o século XIX. Mais que isso, altera a estrutura de como se produz, distribui e remunera o conteúdo, chegando a pôr em xeque a profissão do jornalista – seremos todos repórteres em uma grande teia, exercendo um serviço de baixa ou nula remuneração?
Dessacralizado nas ruas e nas redes, o jornalismo parece perder força. Mas, em meio a um forte enxugamento do mercado editorial, nunca se consumiu tanto conteúdo jornalístico – levando a crer que a crise atual embute uma oportunidade de ouro para inovações. Enquanto modelos alternativos vêm sendo testados aqui e ali (mais em “Jornalismos Possíveis”), será preciso encontrar formas de financiamento que sustentem o “fazer jornalismo” – mas isso só funcionará quando a sociedade reconhecer que esse é um serviço fundamental, como ressalta o professor Eugênio Bucci em Entrevista.
Além de mergulhar no tema do jornalismo, esta edição faz dois lançamentos de peso. O primeiro é a publicação mensal de reportagens e/ou entrevistas sobre temas estratégicos para a democracia e a sustentabilidade, com participação do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) na proposição de temas. Esse lançamento faz parte da parceria entre IDS e PÁGINA22, disponibilizado para cidadãos e governantes. O segundo é a cobertura sistemática da construção da agenda pós-2015, ano em que devem entrar em vigor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e que também será chave na discussão das negociações climáticas.
Boa leitura!