Na era da informação, a internet desponta como solução aparentemente simples e acessível para aproximar a população das decisões sobre políticas públicas sem a necessidade de organizações intermediárias. Recentemente, o governo brasileiro lançou algumas iniciativas para promover o contato direto com a população. Todas usam formatos conhecidos do público da internet, mas ainda esbarram em dificuldades inerentes às ideias de renovação nesse campo, como o desconhecimento da população e a falta de familiaridade com a linguagem política.
Portal Participação Social
Trata-se de uma plataforma online de consulta pública para debater as propostas da Política Nacional da Participação Social e do Compromisso Nacional pela Participação Social. Seu formato colaborativo, por si só, já comunica um pouco da natureza dos novos marcos legais, que visam consolidar a participação social no Brasil.
Entende-se por Participação Social a possibilidade de a sociedade civil, organizada ou não, participar dos debates e decisões sobre políticas públicas. A regulamentação desses instrumentos de participação pretende uniformizar e reconhecer esses procedimentos como método de governo nas esferas municipal, estadual e federal. A plataforma foi criada em código aberto e a consulta pública finda no início de setembro.
E-Democracia
O portal integra fóruns de discussão livre e informações relevantes sobre o processo legislativo. Os usuários podem participar das Comunidades Legislativas, que abordam temas em pauta na Câmara dos Deputados. Nelas estão íntegras de textos legislativos para consultas públicas, discussões de tópicos específicos sobre os temas e também coletâneas de informações para quem quiser aprender mais sobre o que está sendo discutido. A interface não é muito elaborada, mas tem navegação simples.
O objetivo do portal é promover o envolvimento dos cidadãos no debate público de novas propostas de lei, contribuindo para a formulação das políticas pública. A ideia é que os parlamentares se apropriem das discussões e as considerem na hora de formular suas decisões. Entretanto a ausência dos próprios representantes nos fóruns do e-democracia sugere que a plataforma não esteja dialogando com eles como deveria.
Participatório
Buscando um diálogo com a juventude brasileira, cada vez mais conectada, a Secretaria Nacional da Juventude da Secretaria da Presidência da República lançou o Participatorio, um misto de rede social e fórum. O nome vem de uma mistura entre Observatório e Participação, porque a plataforma tem o objetivo não apenas de interagir com a juventude, mas também produzir conhecimento sobre suas expectativas e opiniões, a partir da observação das discussões.
Um dos objetivos da plataforma é mobilizar a juventude em relação ao debate e implantação de políticas públicas específicas. Através da interface de mural com espaço para comentários, similar às redes sociais já amplamente usadas pelos jovens, conteúdos relacionados a novas leis e programas do governo federal são difundidos. Além de a linguagem ser mais familiar a essa faixa etária, o formato permite uma interação pouco encontrada em outros veículos de comunicação estatal. Apesar de a inovação ser um ponto positivo, a ausência total de moderação iguala algumas discussões ao nível vociferante dos comentários de portais de notícias.