Em algum ponto, a cidade morde a roça. Essa fronteira, inexata, subjetiva e dotada de uma força de transformação brutal, é o tema deste ensaio, que retrata o avanço urbano sobre uma região rural.
A área abordada pelo trabalho está circunscrita ao eixo São Paulo-Bragança Paulista, imediatamente vizinho à metrópole, território submetido à forte pressão demográfica e imobiliária, que expõe exemplarmente as formas pelas quais a expansão das cidades se opera no Brasil. Poderia ser no Nordeste, na Amazônia ou no Sul. Não seria muito diferente.
A região escolhida deveu-se à minha ligação histórica e afetiva com ela, onde vivo e acompanho, há mais de três décadas, as transformações da paisagem. Trata-se de um processo de urbanização excepcionalmente rápido e caótico, desencadeado pela construção da represa do Jaguari-Jacareí, no final da década de 1970 – a principal do Sistema Cantareira, que abastece 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo –, e intensificado, no final da década de 1990, pela duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga a capital paulista a Belo Horizonte.
O que fica e o que se perde das velhas estruturas materiais e imateriais? Como as ordens globais se fundem às formas rurais arcaicas? Das inquietações surgidas com o testemunho desse processo, nasceu a motivação para a produção destas imagens. Mas aqui o impulso criador foi no sentido de procurar alguma poesia em um processo tão dolorido a mim.
*Jornalista, fotógrafo e editor de livros. Acaba de lançar Prata-São Francisco-Amazonas – união das águas: imaginário das grandes bacias fluviais brasileiras (Alles Trade, 2013), coorganizado com Bené Fonteles.
[:en]Em algum ponto, a cidade morde a roça. Essa fronteira, inexata, subjetiva e dotada de uma força de transformação brutal, é o tema deste ensaio, que retrata o avanço urbano sobre uma região rural.
A área abordada pelo trabalho está circunscrita ao eixo São Paulo-Bragança Paulista, imediatamente vizinho à metrópole, território submetido à forte pressão demográfica e imobiliária, que expõe exemplarmente as formas pelas quais a expansão das cidades se opera no Brasil. Poderia ser no Nordeste, na Amazônia ou no Sul. Não seria muito diferente.
A região escolhida deveu-se à minha ligação histórica e afetiva com ela, onde vivo e acompanho, há mais de três décadas, as transformações da paisagem. Trata-se de um processo de urbanização excepcionalmente rápido e caótico, desencadeado pela construção da represa do Jaguari-Jacareí, no final da década de 1970 – a principal do Sistema Cantareira, que abastece 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo –, e intensificado, no final da década de 1990, pela duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga a capital paulista a Belo Horizonte.
O que fica e o que se perde das velhas estruturas materiais e imateriais? Como as ordens globais se fundem às formas rurais arcaicas? Das inquietações surgidas com o testemunho desse processo, nasceu a motivação para a produção destas imagens. Mas aqui o impulso criador foi no sentido de procurar alguma poesia em um processo tão dolorido a mim.
*Jornalista, fotógrafo e editor de livros. Acaba de lançar Prata-São Francisco-Amazonas – união das águas: imaginário das grandes bacias fluviais brasileiras (Alles Trade, 2013), coorganizado com Bené Fonteles.