Em algum ponto, a cidade morde a roça. Essa fronteira, inexata, subjetiva e dotada de uma força de transformação brutal, é o tema deste ensaio, que retrata o avanço urbano sobre uma região rural.
A área abordada pelo trabalho está circunscrita ao eixo São Paulo-Bragança Paulista, imediatamente vizinho à metrópole, território submetido à forte pressão demográfica e imobiliária, que expõe exemplarmente as formas pelas quais a expansão das cidades se opera no Brasil. Poderia ser no Nordeste, na Amazônia ou no Sul. Não seria muito diferente.
A região escolhida deveu-se à minha ligação histórica e afetiva com ela, onde vivo e acompanho, há mais de três décadas, as transformações da paisagem. Trata-se de um processo de urbanização excepcionalmente rápido e caótico, desencadeado pela construção da represa do Jaguari-Jacareí, no final da década de 1970 – a principal do Sistema Cantareira, que abastece 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo –, e intensificado, no final da década de 1990, pela duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga a capital paulista a Belo Horizonte.
O que fica e o que se perde das velhas estruturas materiais e imateriais? Como as ordens globais se fundem às formas rurais arcaicas? Das inquietações surgidas com o testemunho desse processo, nasceu a motivação para a produção destas imagens. Mas aqui o impulso criador foi no sentido de procurar alguma poesia em um processo tão dolorido a mim.
*Jornalista, fotógrafo e editor de livros. Acaba de lançar Prata-São Francisco-Amazonas – união das águas: imaginário das grandes bacias fluviais brasileiras (Alles Trade, 2013), coorganizado com Bené Fonteles.
![Rodovia Fernão Dias, na divisa entre as cidades de Atibaia e Bragança Paulista](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato2.jpg)
![Área na margem de estrada em Bragança Paulista, retificada para a implantação de empreendimento comercial](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato3.jpg)
![retrato4](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato4.jpg)
![Eucaliptal é retirado, e área é queimada para implantação de loteamento](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato5.jpg)
![Vista aérea da represa Jaguari-Jacareí em 2001](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato6.jpg)
Loteamento na Represa do Jaguari-Jacareí em 2006
A área abordada pelo trabalho está circunscrita ao eixo São Paulo-Bragança Paulista, imediatamente vizinho à metrópole, território submetido à forte pressão demográfica e imobiliária, que expõe exemplarmente as formas pelas quais a expansão das cidades se opera no Brasil. Poderia ser no Nordeste, na Amazônia ou no Sul. Não seria muito diferente.
A região escolhida deveu-se à minha ligação histórica e afetiva com ela, onde vivo e acompanho, há mais de três décadas, as transformações da paisagem. Trata-se de um processo de urbanização excepcionalmente rápido e caótico, desencadeado pela construção da represa do Jaguari-Jacareí, no final da década de 1970 – a principal do Sistema Cantareira, que abastece 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo –, e intensificado, no final da década de 1990, pela duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga a capital paulista a Belo Horizonte.
O que fica e o que se perde das velhas estruturas materiais e imateriais? Como as ordens globais se fundem às formas rurais arcaicas? Das inquietações surgidas com o testemunho desse processo, nasceu a motivação para a produção destas imagens. Mas aqui o impulso criador foi no sentido de procurar alguma poesia em um processo tão dolorido a mim.
*Jornalista, fotógrafo e editor de livros. Acaba de lançar Prata-São Francisco-Amazonas – união das águas: imaginário das grandes bacias fluviais brasileiras (Alles Trade, 2013), coorganizado com Bené Fonteles.
![Rodovia Fernão Dias, na divisa entre as cidades de Atibaia e Bragança Paulista](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato2.jpg)
![Área na margem de estrada em Bragança Paulista, retificada para a implantação de empreendimento comercial](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato3.jpg)
![retrato4](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato4.jpg)
![Eucaliptal é retirado, e área é queimada para implantação de loteamento](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato5.jpg)
![Vista aérea da represa Jaguari-Jacareí em 2001](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato6.jpg)
![Antiga estrada Bragança-Joanópolis, descoberta com a baixa da represa, em fevereiro de 2014 Loteamento na Represa do Jaguari-Jacareí em 2006](https://www.pagina22.com.br/wp-content/uploads/2014/03/retrato7.jpg)
Loteamento na Represa do Jaguari-Jacareí em 2006