O que faz com que os Estados Unidos sejam o maior mercado de consumo de produtos orgânicos no mundo, respondendo por cerca de 50% do faturamento anual estimado hoje em 63 Bilhões de dólares? O que faz com que praticamente 78% de sua população consuma produtos orgânicos regularmente e mais de 50% dos consumidores tenham um grau de confiabilidade elevado por estes produtos?
Estas são perguntas que demonstram porque o varejo tem um papel importante na educação e orientação do setor de orgânicos, que dia a dia vem deixando de ser um mercado nicho para se tornar mainstream. Um segmento em que o consumidor se identifica com os valores, benefícios e que tem sido um vetor de fidelização e diferenciação nos pontos de venda onde se encontram.
No Brasil, o processo de regulamentação dos produtos orgânicos ocorreu em 2011, com o selo de produtos orgânicos do Ministério da Agricultura, obrigando toda empresa e todo estabelecimento que produz, oferta e comercializa produtos orgânicos a seguir as exigências indicadas na Lei 10.831.
O mercado não tinha regras claras de como comercializar e cada um fazia da forma como achava melhor vender. Informação e consumo consciente são os diferenciais dos mercados maduros de orgânicos, naturais e sustentáveis da Europa, Ásia e Estados Unidos que já são regulamentados.
O Brasil começou um processo de desenvolvimento do mercado interno, o segmento cresce e está no processo de educação do consumidor e adequando o comércio as novas regras estabelecidas pela Lei. Ainda existe dúvida de qual a melhor estratégia para oferecer aos consumidores esses produtos segmentados, mas é certo que o mote é consumir produtos mais saudáveis, funcionais ou naturais. Esse é o parâmetro na decisão de compra.
O varejo hoje deixou de ser apenas um local de compras. É o elo com o consumidor do aspecto sensorial, da experiência de novos sabores, da praticidade e funcionalidade de encontrar em um local todos os produtos, com a confiabilidade de origem e qualidade dos produtos. Aliado a uma ambientação adequada do ponto de venda, o design moderno e eficiente das lojas são fatores que estimulam a fidelização de clientes.
É preciso que os donos de supermercados, empórios e lojas de conveniência, de qualquer lugar do país, identifiquem, de forma objetiva e clara, a potencialidade do segmento de orgânicos e aprendam como no exterior esses estabelecimentos vendem o conceito de qualidade de vida e alimentos mais saudáveis, que anos atrás eram concentrados no segmento de FLV – frutas, legumes e vegetais. Hoje há dezenas de empresas de todos os Estados e centenas de produtos industrializados ou em sua forma natural, que demonstram a potencialidade, riqueza e variedade dos produtos orgânicos do Brasil.
O varejo vem se adequando com a criação de produtos com marca própria, alguns com a adoção de selos verdes ou de sustentabilidade; na criação de campanhas de reciclagem de embalagens, entre outras ações participativas.
* Ming Liu é coordenador executivo do Projeto Organics Brasil