A implantação de um grande empreendimento vem acompanhada de expectativas no que diz respeito aos impactos gerados na área de atuação. A dinâmica política, social e econômica se transforma na medida em que se injetam novos recursos na economia local e o entorno no território do empreendimento também é afetado.
Pensando nisso, quando a Bunge Brasil inaugurou em 2011 a Usina Pedro Afonso, no interior do estado de Tocantins, a sua primeira planta greenfield no segmento de açúcar e bioenergia, a Fundação Bunge iniciava o Programa Comunidade Integrada nos municípios de Pedro Afonso, Bom Jesus do Tocantins e Tupirama.
Tendo como objetivo ampliar as potencialidades socioeconômicas e minimizar as fragilidades sociais das regiões influenciadas pela instalação do empreendimento, o Programa Comunidade Integrada foi um dos casos selecionados pela Chamada de Casos de Inovação em Desenvolvimento Local. Um dos fatores de destaque da iniciativa é a sua abordagem territorial, que possibilita discussões conjuntas entre atores dos três municípios do território de influência da Usina Pedro Afonso para a realização de ações convergentes de desenvolvimento local.
O Programa foi dividido em etapas: na primeira foi realizado um diagnóstico integrado da socioeconomia, no qual se identificou as potencialidades e desafios do território, seguido de um Plano de Gestão Integrada (PGI). Este reuniu as ações prioritárias a serem implementadas nas frentes de fortalecimento da gestão pública, apoio ao desenvolvimento humano e econômico, e relacionamento com stakeholders.
O processo de criação do PGI se deu por meio de reuniões com o Grupo de Trabalho Consorciado, composto por atores locais tais como representantes do poder executivo e legislativo das três cidades, representantes do poder judiciário, organizações não governamentais e representantes da Bunge e da Fundação Bunge. Nos encontros, todas as ações previstas no Plano foram apresentadas e discutidas antes de serem aprovadas.
A segunda etapa foi a execução do PGI e a mensuração de indicadores por meio de uma matriz de monitoramento e avaliação das ações previstas no Plano. “Não chegamos com uma política assistencialista, queríamos focar em desenvolvimento e trabalho participativo. Sempre foi uma construção diária e sem se esquecer das metas para bater”, disse Claudia Calais, Diretora Executiva da Fundação Bunge, durante apresentação feita na quarta oficina da iniciativa do GVces “Inovação em Desenvolvimento Local”.
O Grupo de Trabalho Consorciado possibilitou o surgimento do Consórcio Intermunicipal, que direcionou seu trabalho na discussão de gestão local de resíduos sólidos que resultará na implantação de aterro sanitário.
Também durante a apresentação feita na oficina com empresas membro da iniciativa do GVces, alguns desafios compartilhados pela Fundação Bunge foram: o estabelecimento de relações de confiança entre atores locais, definição das responsabilidades dos envolvidos no Programa, alinhamento de expectativas e entendimento dos tempos de cada parceiro e criação e gestão de canais de diálogo social.
Milene Fukuda