Análise de Ecoeficiência elaborada pela Fundação Espaço ECO mostra que o desempenho econômico e ambiental da cobertura com manta reflexiva é melhor em relação ao telhado verde
A Fundação Espaço ECO, organização que atua como um Centro de Excelência em Socioecoeficência desenvolveu um estudo que comparou três alternativas de coberturas de telhados para residências: o Telhado de Cerâmica, o Telhado Verde (Green Roof) e a cobertura com manta reflexiva (Cool Roof). O objetivo foi verificar a alternativa que apresenta o melhor equilíbrio entre desempenho econômico e ambiental para cobrir uma área útil de 63,5 m² de uma residência, mantendo uma temperatura interna de 24°C por 30 anos. Para isso, foi desenvolvida uma Análise de Ecoeficiência que compara processos e produtos baseando-se na Avaliação de Ciclo de Vida (NBR ISO 14040).
Os resultados da Análise de Ecoeficiência demonstram que a cobertura com manta reflexiva é a alternativa mais ecoeficiente. Devido a sua propriedade refletiva, seu desempenho ambiental no isolamento térmico foi melhor, uma vez que o calor transmitido por radiação não é absorvido pela cobertura da casa, reduzindo assim o consumo de energia elétrica para seu resfriamento e mantendo o conforto térmico dentro da residência. Esta alternativa também foi a melhor no aspecto econômico devido a seu baixo custo de instalação, manutenção e operação, já que reduz o consumo de energia elétrica.
O estudo visa apoiar a sociedade na busca por soluções mais sustentáveis no dia-a-dia, e que permitam uma melhor climatização de ambientes, minimizando os impactos causados pelo fenômeno das chamadas “ilhas de calor”, que afetam as grandes metrópoles. Com o uso excessivo do concreto, a redução das áreas verdes e a concentração de edifícios em um pequeno espaço, a retenção de calor é maior. Segundo dados da UNESP, em São Paulo, por exemplo, a temperatura entre bairros pode variar em até 14ºC.
“Em um país tropical temos que estar atentos ao conforto térmico em nossa casa e evitar o uso desnecessário do aparelho de ar-condicionado com a utilização da opção adequada de telhado. O consumidor deve ficar atento para verificar aquela que, de fato, oferece o melhor resultado de acordo com seus hábitos de consumo”, afirma Emiliano Graziano, gerente de Socioecoeficiência da FEE.
Para chegar ao telhado mais ecoeficiente, foi utilizada uma abordagem de berço ao túmulo, ou seja, uma análise dos impactos ambientais desde a extração dos recursos naturais até a produção das coberturas e desmontagem.
“O Telhado Verde apresenta um melhor desempenho econômico e ambiental com relação ao Telhado de Cerâmica, mas não foi o suficiente para ser mais ecoeficiente do que o Cool Roof”, ressalta Emiliano. Os impactos ambientais associadas ao Telhado Verde nas categorias consumo de energia, emissões, acidentes e doenças ocupacionais são determinantes para prejudicar seu desempenho com relação à cobertura com manta. As mantas necessárias para o isolamento e impermeabilização do sistema do Telhado Verde são provenientes de petroquímicas, o que acarreta em maiores impactos.
O Telhado de Cerâmica é o menos ecoeficiente, pois apresenta o maior custo de instalação e manutenção dentre as alternativas em estudo e seu desempenho em uso da terra e toxicidade é também o mais impactante.
Foram feitos cenários para avaliar quais os principais aspectos em que são necessárias melhorias de desempenho do Telhado Verde em relação à melhor alternativa. “O que nos chamou a atenção é que, mesmo assim, todos os casos apresentaram essa alternativa como a menos ecoeficiente. O cenário que teve melhor desempenho foi o Telhado Verde sem manutenção, ou seja, sem a utilização de fertilizantes, irrigação, corte da grama e troca de substrato.”, finaliza Emiliano.