Se você já realizou alguma ação de impacto social positivo para uma comunidade – ou dela se beneficiou –, que tal ser personagem em um documentário? A única exigência é que o trabalho social em questão tenha se valido ou de um equipamento tecnológico, ou das novas mídias, ou ainda de um pensamento inovador.
Neste ano, a Social Good Brasil, iniciativa que estimula o uso da tecnologia e da inovação como agentes de transformação social, produzirá o seu segundo documentário. O trabalho pretende apresentar histórias inspiradoras, cujo compartilhamento pode resultar na formação de redes multiplicadoras.
Aprovado por meio da Lei Rouanet, o projeto do novo documentário está em fase de captação de recursos. As inscrições para participar como personagem estarão abertas até o final deste mês e as filmagens terão início já em abril.
A Social Good Brasil foi criada em 2012 a partir da parceria entre o Instituto Voluntários em Ação, que gerencia o Portal Voluntários Online, e o Instituto Comunitário Grande Florianópolis. O conceito Social Good vem do movimento global +SocialGood, capitaneado pelas instituições UN Foundation, UNDP, 92Y, Bill & Melinda Gates Foundation e Mashable.
O primeiro documentário, intitulado Conectados Transformamos, foi lançado em novembro do ano passado. É um média-metragem de 52 minutos que conta histórias de pessoas que, por exemplo, receberam apoio para construir a própria casa, para enfrentar doenças ou para ingressar na universidade. Também são contadas as experiências de microempreendedorismo, de relação entre pais e filhos, entre outras.
Os organizadores recomendam que as histórias tenham conexão com as seguintes temáticas: meio ambiente, energias renováveis, saúde, economia local, empreendedorismo, habitação, educação, consumo consciente, cultura e entretenimento.
Outras atividades promovidas pelo Social Good Brasil são seminários anuais sobre transformação social e a manutenção do laboratório SGB Lab, que apoia a viabilização dos projetos sociais. Na plataforma on-line do laboratório, os interessados podem obter informações e conhecer todas as opções de engajamento no projeto.
Para assistir ao primeiro documentário. E, para conhecer a plataforma.
Casa da Ação pela água
Por iniciativa do ProjectHub e da agência Together, São Paulo ganhou em fevereiro a Casa da Ação, um espaço que se dedicará a estimular e apoiar soluções criativas que ajudem a enfrentar a crise hídrica. Aproveitando que em 22 de março comemora-se o Dia Mundial da Água, a Casa já está abrigando palestras de especialistas, oficinas de cocriação, rodas de conversa e ações de conscientização sobre o uso da água.
A ideia é reunir ativistas sociais que dominem tecnicamente o tema da água, mas que eventualmente tenham dificuldade de se comunicar com o grande público para desenvolver produtos de comunicação mobilizadores. É o que explica Renato Guimarães, cofundador e diretor de estratégia da Together. As inscrições devem ser feitas em casasdaacao.org.
“Mais do que apenas mitigação de um problema, precisamos de uma transformação. Queremos uma cidade diferente e, para isso, é necessária outra relação com a água, que pode ser construída por meio da colaboração e criatividade”, diz Flavia Lemos, membro do coletivo Ocup& Abrace, um dos parceiros da Casa da Ação. “Por isso é importante que o cidadão seja protagonista da cidade e tenha uma participação ativa nas ações.”
Ameaças invisíveis
A água não está acabando, o homem é que está acabando com ela. A ideia resume a principal mensagem do livro A Última Gota, da jornalista Vanessa Barbosa, especializada em temas ambientais. De seu abrangente trabalho de pesquisa e entrevistas, emerge um panorama global preocupante sobre o drama da falta d’água de boa qualidade, cuja origem é comum a muitos países: a inoperância do poder público na gestão da demanda de diferentes consumidores, revelando o descaso em relação aos princípios da governança hídrica.
Além da crônica falta de saneamento – de cada 10 litros de esgoto coletado, 4 não são tratados –, a autora alerta para a contaminação das águas por outras “ameaças invisíveis”, provocadas pelo descarte cavalar de produtos químicos (de limpeza e de higiene e beleza), com efeitos danosos ao meio ambiente. Muitas substâncias – incólumes aos sistemas de tratamento hídrico – são capazes de alterar até a composição hormonal de peixes e anfíbios. Há registro ainda de casos de infertilidade, sobretudo em homens, e de menstruação precoce de meninas, embora sem explicação clara pela ciência. Foi publicado pela Editora Planeta, com 248 páginas.– Álvaro Penachioni