POR FÁBIO RODRIGUES
Se o conto infantil Os Três Porquinhos fosse escrito hoje, seria mais curto: não importa o quanto o Lobo Mau soprasse e bufasse, dificilmente conseguiria passar da casinha de palha. Isso porque graças a novas tecnologias as construções em madeira estão se tornando robustas o bastante para a construção de edifícios de dezenas de andares.
O segredo está em algo chamado madeira maciça, uma nova forma de compensado capaz de produzir painéis estruturais que podem ser em construções realmente grandes. Desde agosto passado, por exemplo, o governo da província canadense de Quebec permite a construção de prédios de até 12 andares sejam erguidos inteiramente com madeira maciça.
A construção do primeiro exemplar dessa nova geração de edifícios já havia sido foi anunciada em maio. Chamado Origine [confira em nordic.ca/en/projects/structures/origine], o conjunto residencial terá 13 andares – 12 deles em madeira e um em concreto convencional – chegando a 40 metros de altura.
Já há quem aposte que estamos às vésperas de um verdadeiro revival da construção em madeira e que isso pode significar uma revolução global muito maior do que se poderia supor de saída. O arquiteto canadense Michael Green [assista à palestra TED em goo.gl/6IPtPE] está entre eles.
O nó central está no fato de que os dois materiais mais importantes para a indústria de construção civil – o aço e o concreto – são intensivos em carbono, sua produção corresponde a cerca de 8% das emissões globais de gases do efeito estufa. Construir em madeira permite trocar ambos por um material cuja pegada de carbono é negativa.
Pelas contas de Green, a construção de um prédio de 20 andares com técnicas convencionais emite 1.200 toneladas de CO2 enquanto a mesma construção feita em madeira de fontes replantadas e certificadas remove da atmosfera cerca de 3.100 toneladas. Uma diferença líquida de 4.100 toneladas.
Com o mundo se urbanizando de forma acelerada, Green espera que a construção em madeira permita atender a uma demanda crescente sem que isso destrua o mundo no processo.
Crédito da imagem: CC BY 2.0 Michael Charters on Evolo