Como se deu o processo seletivo que escolheu as empresas deste Guia
Para tornar este Guia uma realidade, foi preciso seguir um longo caminho, conhecido como processo seletivo. Em 24 de março deste ano, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-Eaesp (FGVces) apresentou o projeto do Guia a um público de 150 pessoas, durante evento em São Paulo. Esse encontro serviu como pontapé inicial que reuniu empreendedores, investidores, especialistas e outros facilitadores do ecossistema de inovação para conhecer a iniciativa.
Cerca de dois meses após o encontro o questionário de avaliação das empresas já estava online – fruto de um trabalho conjunto de diversos pesquisadores do FGVces que lidam com temas variados, como desempenho e transparência em sustentabilidade, inovação, desenvolvimento local e consumo sustentável, entre outros; e também de atores externos à escola que se voluntariaram para realizar uma construção coletiva dessa iniciativa.
O resultado final foi uma proposta de análise de micros e pequenas empresas baseada em três pilares: inovação para a sustentabilidade; potencial de replicação e escalabilidade; e gestão. O primeiro pilar tratou de aspectos inovadores presentes no modelo de negócio da empresas, seus produtos, serviços ou processos e a relação entre a sua inovação e os desafios da sustentabilidade – como a gestão da água, resíduos, produtos “verdes”, direitos humanos, diversidade, inclusão social etc.
O pilar de potencial observou os impactos positivos ou negativos que a organização pode proporcionar à sociedade e a estratégia para ganho de escala ou para disseminar e replicar inovações no mercado a curto e a longo prazo. A gestão usou como referencial as boas práticas que negócios de menor porte, como as micros ou pequenas empresas, devem adotar e analisou os indicadores financeiros da empresa.
As 56 empresas inscritas no processo seletivo foram avaliadas com a ajuda da equipe de pesquisadores do FGVces, que pré-selecionaram 23 para receber uma visita de campo, com o objetivo de aprofundar as informações declaradas no questionário. Apresentou-se o material completo dessas visitas e do questionário a um comitê seletor, composto de um grupo de especialistas que apontou as empresas que mais se destacaram nos critérios de avaliação.
Das 23 pré-selecionadas, o comitê escolheu 11 empresas, que em seguida foram convidadas a passar por um dia de formação na FGV, em outubro. Nesse encontro, tiveram a oportunidade de conhecer um bom exemplo de inovação e sustentabilidade, o da LoteBox, start-up do Nordeste que desenvolveu um software para otimizar espaço em contêineres e facilitar o transporte de mercadorias para pequenos e médios importadores.
Essas empresas passaram por duas rodadas de negócio [1] para aprimorar suas apresentações, com vistas ao evento de lançamento do Guia, em novembro. Além disso, tiveram a chance de conhecer mais sobre os pilares de avaliação e compreender os diferenciais de sustentabilidade que a equipe e o comitê enxergaram em seus modelos de negócio.
[1] As rodadas de negócio simulam o encontro de empresas com interessados em contratar e em estabelecer seus produtos e serviços e estabelecer novas parcerias
Todo esse processo culminou na elaboração desta edição especial de PÁGINA22, cujo objetivo é compartilhar com todos os interessados em inovação, negócios e sustentabilidade experiências que estão fazendo a diferença na transição para uma nova economia. As inscrições para o processo seletivo do próximo ano serão anunciadas no website da revista.
Comitê seletor do Guia de Inovação para Sustentabilidade ‒ 2015
Para montar o comitê seletor das micros e pequenas empresas brasileiras mais inovadoras em sustentabilidade, foram definidas quatro categorias de atuação profissional: de investidores, capacitação importante para analisar retorno e impacto dos negócios; de facilitadores, que em geral trazem um olhar sobre ineditismo e necessidade de recursos; de acadêmicos; e de especialistas na área de sustentabilidade, que, juntos, conseguem trazer inputs de conhecimento para julgar com propriedade a qualidade dos casos apresentados.
Para a edição de 2016 do Guia de Inovação para a Sustentabilidade em MPE, estuda-se a inclusão da categoria “empresas”, que adicionaria ao grupo a perspectiva de inovação nas cadeias de valor.
Participaram do comitê seletor de 2015:
André Lahoz
Economista, é diretor de redação da revista Exame, onde também foi editor de economia, editor-executivo e redator-chefe. Trabalhou no jornal Folha de S. Paulo, como correspondente em Paris, editorialista, editor de economia e repórter especial. É mestre em História Econômica pela London School of Economics and Political Science, na Inglaterra.
André Pereira de Carvalho
Engenheiro e administrador de empresas, é professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-Eaesp) e pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces). É mestre e doutor em Administração de Empresas pela FGV-Eaesp na linha de gestão socioambiental. Foi coordenador de projetos na ONG Amigos da Terra ‒ Amazônia Brasileira e do Programa New Ventures Brasil, de apoio a empreendimentos inovadores associados à economia verde.
Daniel Izzo
Administrador de empresas, é sócio e cofundador da Vox Capital, o primeiro fundo de investimentos de impacto do Brasil, dirigido a negócios com potencial de crescimento que apresentem soluções para melhorar a vida da população de baixa renda. É membro dos conselhos da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande) no Brasil e da World Responsible Leaders da BMW Foundation. Atua também como professor-convidado para Investimentos de Impacto no programa executivo da Saïd Business School, em Oxford, no Reino Unido.
Gilson da Silva Spanemberg
Engenheiro químico, é gestor de projetos de sustentabilidade na Apex-Brasil. No setor governamental adquiriu experiência em gestão de substâncias e produtos químicos. Mestre em Ecologia, tem experiência em avaliação estratégica de impactos de leis e regulamentos sobre setores regulados. Na Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) foi assessor para assuntos industriais, regulatórios e de sustentabilidade.
Jéssica Ferrari
Publicitária, tem experiência de aproximadamente dez anos em planejamento estratégico de marketing, gestão de marcas e comunicação para a sustentabilidade. Atualmente integra a equipe do Centro Sebrae de Sustentabilidade. Tem mestrado em Administração, na área de marketing e comportamento do consumidor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Paulo Bellotti
Engenheiro químico, é sócio fundador e diretor-executivo da MOV Investimentos. É mestre em modelagem matemática pela Escola Politécnica da USP e mestre em gestão de inovação e políticas públicas pela escola de engenharia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, EUA.
Rebeca Rocha
Jornalista, é gerente da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande) no Brasil, uma rede global de apoio a pequenas empresas em países emergentes voltada para a geração de impacto social e econômico. Foi diretora da área de relações externas da Aiesec no Brasil, organização global para o desenvolvimento de liderança jovem. É integrante do Global Shapers, comunidade de líderes criada pelo Fórum Econômico Mundial.
Rodrigo Vieira da Cunha
Jornalista, é fundador da agência de relações públicas Profile, sócio da agência digital LiveAD e embaixador sênior do TEDx no Brasil. Foi coordenador de estratégia de comunicação de sustentabilidade do Banco Real e gestor da estratégia de relações públicas da presidência do Santander. Trabalhou nas revistas Veja e Você S/A e no jornal Zero Hora. Conquistou os prêmios de jornalismo Citibank Journalistic Excellence Award e Fiat Allis de Jornalismo Econômico.
Sergio Wigberto Risola
Administrador de empresas e advogado, é CEO do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia e diretor da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Professor-apoiador na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP) e professor-assistente da pós-graduação de Inovação e Empreendedorismo da FGV, é especializado em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica na Unicamp e em Gestão de Habitats de Inovação na Fundação Instituto de Administração (FIA).
Wilson Nobre
Engenheiro e administrador de empresas, é consultor em automação industrial e em processos de negócio e professor do Departamento de Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-Eaesp). É mestre em Administração de Empresas pela FGV-Eaesp no tema inovação e design thinking, pesquisador do Fórum de Inovação da FGV-Eaesp e possui formação básica em Teoria U no Presencing Institute do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e coordenador desse programa no Brasil.