Os números são impressionantes: em duas décadas, desastres naturais associados a clima mataram mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, deixando mais de 4 bilhões de feridos, desabrigados e desamparados. Essas informações estão no mais recente relatório das Nações Unidas sobre catástrofes naturais, publicado na segunda passada (23/11).
De acordo com o relatório, produzido pelo escritório da ONU para redução de risco de desastre (UNISDR, sigla em inglês), eventos como enchentes e ondas de calor ocorreram com frequência praticamente diária na última década, quase o dobro do que era observado há 20 anos, com destaque para o continente asiático, o mais atingido por desastres naturais relacionados a clima neste período.
Países como China e Índia enfrentaram episódios dramáticos de seca e tempestades de areia, sem falar nos ciclones que passam pelo Sudeste Asiático com poder destrutivo cada vez maior.
O estudo também estima que as perdas econômicas relacionada com a maior frequência de desastres climáticos se situam entre 250 e 300 bilhões de dólares em todo o mundo anualmente.
Ainda que os autores apontem que o aumento na ocorrência de eventos dessa natureza não pode ser totalmente resultado das mudanças do clima, eles reforçam que a tendência nesse cenário climático cada vez mais crítico é que a frequência de desastres climáticos continue aumentando nas próximas décadas.
Considerando as informações mais recentes sobre emissões e sobre o aquecimento global, o roteiro para essa trajetória mais dramática está sendo delineado. De acordo com relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta semana, os últimos cinco anos já se tornaram o período mais quente já registrado. O ano de 2015 caminha para quebrar o recorde de 2014 e se tornar o ano mais quente em mais de um século.
Para a OMM, desastres climáticos como ondas de calor já podem ser atribuídos às mudanças climáticas com grande confiança. “Tivemos ondas de calor significantes, recordistas, em muitas partes do mundo em 2015”, apontou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, durante coletiva de imprensa realizada em Genebra, de acordo com o Guardian. “Podemos atribuir estes eventos climáticos extremos às mudanças climáticas? Quando olhamos para as temperaturas, a resposta é cada vez mais sim para alguns dos maiores desastres”.