Tradicionalmente, a ciência climática indica que as porções de terra e suas montanhas, planícies, florestas e pastagens do planeta servem como “resfriadores” da atmosfera terrestre, já que absorvem dióxido de carbono (CO2).
No entanto, um estudo recentemente publicado na revista científica Nature aponta que a biosfera pode não ser tão resfriadora assim – e isso é culpa direta da ação humana sobre o planeta. De acordo com este estudo, as transformações brutais que a humanidade realizou no meio ambiente nos últimos séculos tornaram o solo um grande aquecedor da atmosfera, ao invés de um grande resfriador. Graças a atividades como pecuária e agricultura, o solo está emitindo mais gases de efeito estufa (particularmente metano e óxido nitroso) do que absorvendo CO2.
A pesquisa, conduzida por 16 instituições científicas em todo o mundo, não muda o panorama de dados sobre aquecimento em si, mas impacta diretamente nos cálculos sobre o “ciclo do carbono” – ou seja, a trajetória que o carbono percorre desde a sua emissão até sua retenção por plantas e vegetais na fotossíntese.
Sua principal conclusão é que a capacidade de aquecimento cumulativa de metano e óxido nitroso no planeta Terra chegou a ser duas vezes maior que o efeito de resfriamento resultante da absorção de CO2 entre os anos de 2001 e 2010.
Este estudo deveria servir como um chamado aos governos, formuladores de política pública e indivíduos ao redor do mundo, afirmou Anna Michalak, pesquisadora do departamento de ecologia global da Carnegie Institution e co-autora do estudo publicado na Nature, ao portal Climate Home. “Se quisermos mudar a trajetória de aquecimento, precisamos expandir nosso foco e desenvolver estratégias para reduzir as emissões biogênicas desses outros gases de efeito estufa.
Uma das recomendações do estudo é reduções significativas das emissões de metano e óxido nitroso associadas à agricultura e pecuária, particularmente no Sudeste Asiático.