A dois anos da realização do 8º Fórum Mundial da Água em Brasília, mais de 700 representantes do poder público, da iniciativa privada, da sociedade civil e da comunidade científica reuniram-se na capital federal entre os dias 27 e 29 de junho para dar o “pontapé inicial” da preparação do evento e identificar e priorizar questões estratégicas para o debate internacional sobre o tema.
O Fórum, programado para março de 2018 em Brasília, terá como tema central o compartilhamento da água, à luz dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Esta edição, a primeira a ser realizada no hemisfério sul, deve reunir 30 mil representantes de mais de 100 países para discutir questões relacionadas a recursos hídricos e uso consciente e sustentável da água.
O lançamento do Fórum em Brasília serviu para iniciar a mobilização dos diferentes atores em torno de seis temas considerados cruciais para o debate público sobre recursos hídricos – clima, pessoas, crescimento, qualidade, ecossistemas, e governança – com foco no compartilhamento da água.
“A água, um recurso insubstituível, deve ser compartilhada entre múltiplos atos e usuários, todos com segurança”, argumentou Benedito Braga, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo e presidente do Conselho Mundial da Água, instituição responsável pelo Fórum. “Todos nós temos a responsabilidade compartilhada para alcançar a segurança, a sustentabilidade e a resiliência no futuro”.
Além de discussões temáticas, o encontro também serviu para receber recomendações práticas sobre a realização do Fórum em 2018 e o aproveitamento do seu legado no Brasil – um ponto fundamental para o país, que ainda sofre com os efeitos da restrição hídrica que afligiu o Sudeste brasileiro entre 2014 e 2015.
Por isso, uma das preocupações da organização do 8º Fórum é facilitar a participação popular nas discussões sobre recursos hídricos. “Tivemos indicações muito claras para ter inclusão na participação e trazermos mais vozes e realidades diferentes para a gente achar soluções”, afirmou Maria Silva Rossi, subsecretária de Planejamento Ambiental e Monitoramento da Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal.
Para Rodrigo Barbosa, secretário executivo do 8º Fórum, a atenção pública pode ser positiva para o debate durante o evento. “Essa variação relacionada à disponibilidade de água é algo que chama muita atenção da sociedade. Além disso, precisamos efetivamente colocar a água na agenda política, como elemento central para discussão de outros temas, como energia, abastecimento e saneamento”, argumentou Barbosa.
“É importante enfatizar a oportunidade que teremos para elevar a água a um novo patamar, a um nível mais alto, convocando todos os interessados para discutir água não só como um elemento transversal, mas também como um elemento fundamental para o nosso desenvolvimento”, afirmou Vicente Andreu, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA).
Criado pelo Conselho Mundial da Água em 1996, o Fórum tem como objetivo estabelecer compromissos públicos em matéria de recursos hídricos. Realizado a cada três anos, o Fórum já passou pela Coreia do Sul (Daegu, 2015), França (Marselha, 2012), Japão (Quioto, 2003), Holanda (Haia, 2000) Marrocos (Marrakesh, 1997), México (Cidade do México, 2006), e Turquia (Istambul, 2009).