Confirmando especulações frequentes nos últimos meses, a ex-secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) Christiana Figueres anunciou hoje (07/07) sua candidatura ao posto máximo da ONU – o secretariado-geral. Figueres foi formalmente indicada pelo governo da Costa Rica para a sucessão do secretário-geral Ban Ki-moon, que encerra seu segundo mandato à frente das Nações Unidas no final de 2016.
“Se eu tiver a honra de ser eleita para servir às Nações Unidas sob a sua bandeira azul, trarei minha experiência, minha determinação, e todo o meu otimismo propositivo para esta missão”, disse Figueres em comunicado realizado através de sua página no Facebook.
De uma tradicional família de políticos da Costa Rica (ela é filha e irmã de ex-presidentes do país), Christiana Figueres tem 59 anos e liderou as negociações internacionais em clima por seis anos. Ela assumiu a secretaria-executiva da UNFCCC em julho de 2010, pouco tempo depois da malfadada Conferência do Clima de Copenhague (COP 15), com a difícil tarefa de retomar as conversas políticas em torno de um novo acordo global para enfrentamento da mudança do clima. A condução das negociações em torno do Acordo de Paris, concluído no final do ano passado, é seu principal trunfo na disputa pela cadeira de secretário-geral da ONU.
“Eu assumi o secretariado da UNFCCC depois do desastre das negociações de Copenhague e deixei o posto em 2016 com um dos acordos climáticos mais ambiciosos da história. O Acordo de Paris não foi um acidente, foi fruto de estratégia e atitude. Foi a culminação de seis anos de paciente reconstrução de um sistema quebrado que tinha perdido toda sua confiança para um sistema capaz de ter compromisso e ambição”, apontou Figueres. “Paris pode ser uma anomalia ou pode se tornar a norma para o multilateralismo no século XXI. Precisamos garantir que seja este último, para que possamos reconstruir a confiança global na capacidade da ONU e de seus estados membros de trabalharem juntos e resolverem os problemas mais difíceis de nosso tempo”.
Desde o começo do ano, quando anunciou sua saída do secretariado da UNFCCC, especulava-se sobre a possibilidade de Figueres entrar na disputa pelo posto máximo da ONU. Com a formalização de sua candidatura pelo governo costarriquenho, ela se junta a outros 11 candidatos:
- Srgjan Kerim, ex-ministro do exterior da Macedônia;
- Vesna Pusic, ex-ministra do exterior da Croácia;
- Igor Luksic, ex-primeiro-ministro de Montenegro;
- Danilo Turk, ex-presidente da Eslovênia;
- Irina Bokova, diplomata da Bulgária e atual diretora-geral da UNESCO;
- Natalia Gherman, diplomata da Moldávia;
- Antonio Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal e atual Alto-Comissário da ONU para Refugiados;
- Helen Clark, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia e atual chefe do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD);
- Vuk Jeremic, ex-ministro do exterior da Sérvia;
- Susanna Malcorra, ministra do exterior da Argentina; e
- Miroslav Lajcak, ministro do exterior da Eslováquia.
Os candidatos participarão de diálogos informais com representantes dos Estados membros nos próximos meses, onde eles poderão expor suas ideias e propostas para o futuro da ONU. Prevista para outubro, a indicação final é feita pelo Conselho de Segurança, que depois é validada (ou não) pela Assembleia Geral. Mesmo com a manutenção da influência decisiva dos chamados “Cinco Grandes” – os países com assento permanente no Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido, e China) – as Nações Unidas prometem que o processo de escolha do(a) sucessor(a) de Ban Ki-moon será o mais democrático da história da organização.