Se as cinco maiores empresas de commodities alimentícias (arroz, soja, milho, óleo de palma e trigo) do mundo fossem um país, ele seria o terceiro maior emissor do planeta, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Este é o tamanho do setor global de alimentos e bebidas em matéria de emissões de gases de efeito estufa (GEE), que evidencia a importância estratégica dele para que qualquer esforço da indústria na contenção de suas emissões seja efetivo.
Nos últimos anos, a indústria alimentícia e de bebidas promoveu iniciativas importantes para reduzir seu impacto sobre a mudança do clima e para adaptar suas operações. Pouco antes da Conferência do Clima de Paris (COP 21), em novembro passado, gigantes do setor como a Coca-Cola, General Mills, Kellogg, PepsiCo e Nestlé, assinaram carta pública comprometendo-se em acelerar suas ações em clima e demandando dos governos nacionais um acordo internacional robusto.
“A mudança do clima é ruim para agricultores e para a agricultura. Secas, enchentes e condições de temperatura cada vez mais quentes ameaçam o suprimento global de alimentos e contribui para a insegurança alimentar (…). Agora, este é o momento para endereçar significativamente a realidade das mudanças do clima. (…) Nós estamos preparados para enfrentar os desafios climáticos que ameaçam nossos negócios”, diz a carta publicada por estas organizações em grandes jornais, como The Washington Post (Estados Unidos) e Financial Times (Reino Unido).
No entanto, a despeito de suas medidas recentes, o setor alimentício e de bebidas precisará redobrar seus esforços para reduzir as emissões ao longo de sua cadeia de valor, olhando principalmente para as fontes de suas commodities. Esta é a conclusão de um estudo da ONG Oxfam International, que analisou os desafios e as possibilidades que a mudança do clima e o Acordo de Paris oferecem para a indústria de alimentos e bebidas.
De acordo com a Oxfam, sementes como arroz, milho e trigo possuem pegadas de carbono elevadas. Como essas culturas são fundamentais para garantir a segurança alimentar de milhões de pessoas em todo o mundo, é importante que se desenvolva soluções para reduzir as emissões de GEE associadas a elas e apoiar a subsistência dos pequenos agricultores.
Para que essa indústria possa contribuir decisivamente para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, é importante que as empresas do setor trabalhem junto com os elos de sua cadeia de valor não apenas na gestão e redução de suas emissões, mas também na adaptação à mudança do clima – principalmente por parte dos pequenos agricultores e cooperativas. Sem o engajamento da cadeia de valor e sem medidas efetivas de adaptação, o setor alimentício e de bebidas pode sofrer impactos consideráveis nas próximas décadas, ameaçando suas operações e a segurança alimentar de populações em todo o mundo.
Complementando o estudo, a Oxfam também criou uma ferramenta interativa que permite ao visitante explorar dados sobre emissões de GEE, pegadas hídricas e níveis de produção de 17 diferentes commodities alimentares.