As cigarras não cantam mais anunciando a chuva que está por vir. As borboletas, que visitavam as aldeias avisando que ia começar a estiagem no rio Xingu, sumiram. As andorinhas, que visitavam a região do Parque Indígena do Xingu para anunciar a chegada da temporada de chuvas, não aparecem mais.
Antigamente não era assim, dizem os indígenas. Mas o aumento do calor, a falta de chuvas, o desmatamento no entorno do Parque e até a construção de barragens na região mudaram tudo. Os sinais da natureza afetam diretamente a vida das comunidades indígenas. O fogo ameaça grandes áreas do Parque, destruindo as frutas e os alimentos que fazem parte da culinária tradicional dos povos xinguanos, como espécies de mandioca e batata.
O documentário “Para onde foram as andorinhas?” mostra as dificuldades pelas quais passam os povos tradicionais na região do Xingu nos últimos anos. Produzido pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pelo Instituto Catitu e apresentado durante a Conferência do Clima de Paris (COP 21) em dezembro de 2015, o documentário está disponível gratuitamente na internet desde o final de agosto.
Com roteiro de Paulo Junqueira (ISA) e Mari Corrêa (Catitu), que também é a diretora, o filme mostra de forma sensível como os povos que habitam o Parque Indígena do Xingu (MT) estão percebendo e sentido em seu dia-a-dia os impactos da mudança do clima – seja em sua alimentação, em seus sistemas de orientação no tempo, em sua cultura material e em seus rituais.
Hoje, mais de 6,5 mil índios de 16 povos vivem no Parque. Através de seu tradicional sistema de manejo do território, os índios garantem a preservação das florestas dentro do Parque. No entanto, fora dele, a realidade é bem diferente: 86% da floresta foi convertida em monoculturas de soja e milho ou em pasto para a pecuária.
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