(Texto produzido pelo WWF-Brasil)
A formação de um comitê para identificar estratégias para a expansão de empreendimentos “verdes” foi o principal resultado do workshop Negócios Sustentáveis na Amazônia, promovido pelo WWF-Brasil nesta quarta-feira, 26, em Brasília (DF).
Organizado em conjunto com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (GVces/FGV) e com o Fórum de Secretários de Meio Ambiente da Amazônia Legal (FSMA), além da Força Tarefa dos Governadores para Clima e Florestas (GCF Task Force, na sigla original em inglês) o workshop teve o objetivo de debater o caminhos para criar um ambiente atrativo para negócios que seguem critérios de sustentabilidade na maior floresta tropical do planeta – unindo conservação ambiental e valorização do serviços ambientais.
A criação do comitê executivo foi validada pelos 35 participantes do encontro, que representaram, na ocasião, o setor produtivo, o setor privado, bancos, os governos dos estados amazônicos e organizações não governamentais. Estiveram presentes servidores do Acre, Amapá, Maranhão, Amazonas e Tocantins.
Pautas prioritárias
Fazem parte do comitê recém-criado a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e o Banco do Brasil (BB), além do FSMA e o WWF-Brasil.
Os participantes do workshop definiram também as pautas prioritárias que vão nortear as atividades deste grupo de trabalho: aumento e qualificação da informação sobre negócios sustentáveis na Amazônia; monitoramento de riscos econômicos e financeiros; regularização fundiária e a criação de um grupo específico para discutir, a nível nacional, pautas relacionadas a empreendimentos sustentáveis.
Diversos atores
Segundo o especialista de negócios sustentáveis e conservação do WWF-Brasil, Kennedy Souza, este comitê executivo terá o papel de elaborar um plano de trabalho, com a proposição de soluções para aumentar a competividade e a atratividade de negócios com sustentabilidade na Amazônia.
“Esta é uma oportunidade única de pactuação de um plano estratégico e estruturante para transformar os quase 330 milhões de hectares de florestas da região amazônica em benefícios econômicos para populações locais; além de aumentar competividade e diminuir os riscos dos investimentos em agricultura, pecuária e infraestrutura”, explicou o especialista.
Kennedy disse ainda que este comitê executivo vai buscar assessorar os governos amazônicos, propondo agendas a serem desenvolvidas com o Fórum de Secretários do Meio Ambiente da Amazônia Legal e com o Fórum de Governadores da Amazônia.
Mercado
O mercado de negócios sustentáveis é um tema que, nos últimos anos, tem ganhado cada vez mais importância no mundo inteiro. Ele pressupõe a exploração, o beneficiamento, a produção e comercialização de recursos naturais de modo a gerar riquezas, mas também promover a conservação dos recursos naturais de e de biodiversidade.
Além disso, o mercado de negócios sustentáveis trata de temas como manutenção de serviços ecossistêmicos, conservação de água e de carbono e de que maneira inserir custos socioambientais nas cadeias produtivas de produtos como soja, pecuária e madeira.
Nos Estados Unidos, o tamanho do mercado de negócios sustentáveis já é de U$ 3 bilhões, segundo dados de 2015 – lá, existe legislação sobre o assunto desde a década de 70. No Brasil, se o manejo florestal feito na Amazônia hoje aumentasse em dez vezes, seria possível gerar até R$ 1,7 bilhão para o Produto Interno Bruto (PIB) de nosso país.
Investidores
De acordo com a coordenadora do Programa de Finanças Sustentáveis do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da FGV-Eaesp, Annelise Vendramini, o workshop foi muito rico e produtivo, pois mostrou que existe a possibilidade de os governos da Amazônia trabalharem juntos na busca de soluções.
“Entendemos que trazer recursos privados para a conservação na Amazônia é um tema importante; também visualizamos, durante as discussões, onde estão os desafios que existem hoje para os investidores”, afirmou.
O Secretário Adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Acre, João Paulo Mastrângelo, disse que a discussão trouxe diversas oportunidades. “Este workshop discutiu um dos problemas mais sérios que a Amazônia enfrenta, que é como conciliar desenvolvimento econômico com conservação. Nós precisamos ser capazes de estruturar negócios e cadeias produtivas que garantam a conservação ambiental. Para nós, este tipo de encontro sempre traz ideias necessárias para aprimorar as nossas políticas públicas”, afirmou.
Setor produtivo
Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), Adelaide de Fátima Gonçalves de Oliveira disse que, em sua visão, o caráter multissetorial do debate foi o mais importante.
“Os governos mudam o tempo inteiro, então os projetos e prioridades mudam também. Temos perdas imensas por causa disso. Por esse motivo precisamos ter atores que tragam outras contribuições. Além disso, todas as instituições envolvidas em projetos de sustentabilidade têm que conversar entre si, e o setor produtivo tem que estar inserido neste processo”, disse.