Segundo estudo recente publicado pelo IEMA, os carros particulares são os principais emissores de poluentes na cidade de São Paulo; a priorização do transporte público e o uso consciente do carro são saídas para diminuir este problema
O paulistano pode estar acostumado, mas qualquer pessoa de fora se assusta com a quantidade de carros por todo o dia. O mar de luzes nas marginais impressiona, mas também preocupa. São 6 milhões de carros registrados na cidade de São Paulo, além de automóveis de fora que visitam diariamente a capital paulista. Juntos, eles emitem 7,2 toneladas de gases do efeito estufa (GEE) por dia, aponta estudo recente publicado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
O número se torna ainda mais expressivo quando comparado com os demais veículos. Os automóveis são responsáveis por 72,6% de todas as emissões dos transportes, mesmo transportando apenas 30% das pessoas.
Quem sofre é o meio ambiente e a nossa saúde. Considerando a quantidade de poluente por passageiro-quilômetro, a frota de ônibus emite quase quatro vezes menos material particulado – principal responsável por diversas doenças respiratórias – do que os carros e três vezes menos do que as motocicletas. Isto acontece porque a maior parte do material particulado está relacionada ao desgaste de pneus, freios e pista, o que é mais comum nos carros por conta de seu uso intenso.
O estudo utilizou informações sobre mobilidade urbana e transporte público da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, além dados sobre emissões de gases poluentes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). No site, é possível ver as emissões no mapa da cidade ao longo do dia, considerando os diferentes meios de transporte, combustível e poluentes.
No mapa abaixo, estão as emissões de CO2 equivalente (índice que soma todos poluentes multiplicado pelo potencial de aquecimento global, igualando-os ao CO2) no intervalo de 18h às 19h:
Para Mudar
Os resultados do estudo sugerem políticas públicas que incentivem o uso do transporte coletivo, assim como o uso consciente do carro. Segundo estudo do Observatório do Clima, entre 1994 e 2012, o número de passageiros do transporte público em 9 capitais caiu 24% apesar do aumento de 18% na população.
“O combate à poluição atmosférica e a redução de emissões de GEE passam pela necessidade de esclarecer que o transporte público não é o principal vilão na emissão de poluentes. É preciso buscar soluções que desestimulem o uso do transporte individual motorizado. Isso inclui melhorias de infraestrutura e de tecnologia do transporte público, bem como incentivos aos modos ativos, para aumentar as viagens a pé e de bicicleta”, afirma André Luís Ferreira, diretor-presidente do IEMA.
Ao encontro dessa solução, um estudo do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento (ITDP, sigla em inglês) afirma que é possível cortar 80% da emissão de CO2 abraçando 3 revoluções: o uso de carros elétricos, o carro autônomo e o transporte coletivo. Foram considerados três cenários até 2050: continuar tudo como está, as tecnologias do carro elétrico e autônomo se tornam dominantes e, no terceiro, além das tecnologias, o uso de transporte coletivo seria maximizado.
No segundo cenário, as tecnologias garantiriam automóveis mais eficientes o que diminuiria as emissões em 2050 de 4600 megatoneladas para 1700 megatoneladas. Contudo, essa quantidade de emissões pode não ser consistente com o objetivo de manter o aumento da temperatura global em 2°C. Já no terceiro cenário, além da drástica redução das emissões, a quantidade de veículos seria reduzida de 2,1 bilhões para meio bilhão, além da redução dos custos das viagens.