Pesquisadores da University College Dublin (UCD), na Irlanda, descobriram uma solução potencial para lidar com resíduos de plástico: um novo material biodegradável que se desfaz com segurança na lixeira doméstica. No entanto, o próprio estudo, publicado na revista Environmental Science & Technology, da American Chemical Society, frisa que a descoberta não é uma panacéia.
Um milhão de garrafas plásticas são compradas em todo o mundo a cada minuto, mas menos de 15% acabam sendo recicladas, sendo a maioria simplesmentente despejada no meio ambiente ou depositada em aterros sanitários. A Irlanda não está imune a este problema, com mais de 80% das áreas costeiras e hidrovias poluídas com plástico, prejudicando as pessoas e a vida selvagem.
Cientistas do Centro de Pesquisa Bioeconomia Beacon, do Centro de Pesquisa Financiado pela Fundação Científica da Irlanda (SFI) e do Amber Centre, o centro de pesquisa de materiais no Trinity College Dublin, descobriram uma mistura de plástico biodegradável que degrada completamente sob as condições de uma simples compostagem doméstica.
Ao juntar 15 diferentes plásticos biodegradáveis, os pesquisadores descobriram que a mistura de ácido polilático (PLA) – um dos plásticos biodegradáveis mais vendidos no mercado, mas que não é compostável no ambiente doméstico –, com policaprolactona (PCL) criou um material que se degradou completamente dentro de 60 dias sob condições típicas de compostagem caseira. Eles também descobriram que os plásticos biodegradáveis poderiam ser usados em digestores anaeróbicos para produzir biogás.
“Imagine colocar suas embalagens plásticas de lixo em uma lixeira doméstica que decompõe o plástico e produz adubo para o seu jardim”, disse o professor Kevin O’Connor, da UCD. No entanto, o pesquisador alertou que, apenas 2 dos 15 plásticos biodegradáveis testados “quebraram” completamente sob condições padrão de solo e de água. “Os plásticos biodegradáveis, portanto, não são uma panacéia para a poluição do plástico e o material biodegradável pós-consumo deve ser cuidadosamente gerenciado para evitar a poluição”, acrescentou.
Estima-se que entre 5 milhões e 12,5 milhões de toneladas de vazamentos de plástico nos oceanos a cada ano sejam ingeridos por aves marinhas, peixes e outros organismos, e especialistas alertam que parte disso já está chegando à cadeia alimentar humana.
*jornalista da UCD