A Calculadora de Poluição por Plásticos pode ser aplicada a qualquer município, região ou país para identificar os mecanismos de vazamento de plástico, quantificar fontes, caminhos e pontos de poluição, além de apontar possíveis soluções
Será lançada no Brasil uma ferramenta capaz de listar as fontes de vazamento de resíduos plásticos e as variações do material que vão para o ambiente marinho. A iniciativa é da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês), que no Brasil é representada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Desenvolvida com base em metodologias científicas pela Universidade de Leeds, da Inglaterra, a Calculadora de Poluição por Plásticos foi idealizada pela força-tarefa da ISWA/Abrelpe para Combate ao Lixo no Mar e deve estar disponível para utilização no Brasil a partir de agosto.
Trata-se de um sistema em que a partir de dados primários sobre a geração, tipo e sistema de gestão de resíduos municipais, juntamente com informações sobre área territorial, extensão da costa, população e atividades econômicas, utiliza-se de um algoritmo para calcular o volume que vai parar no mar, os fluxos e os principais tipos de resíduos ali encontrados.
“Além de identificar as fontes e quantificar os tipos de plásticos que chegam aos oceanos, a calculadora poderá ajudar governos, autoridades regionais e municípios com sugestões de soluções locais e as intervenções políticas necessárias para eliminar as poluições a partir dos resíduos sólidos, principalmente dos resíduos plásticos”, avalia Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Abrelpe e vice-presidente da ISWA.
Os resultados dos primeiros testes da calculadora são da ilha de Bali e apontam que moradores, turistas e organizações geram 1,6 milhão de toneladas de resíduos por ano. Do volume total, os resíduos de plástico representam 303 mil toneladas, sendo que 33 mil toneladas por ano acabam nos cursos d’água de Bali.
O diagnóstico também mostra que pouco mais de 48% dos resíduos gerados em Bali, um ponto turístico popular, é gerenciado de forma responsável, seja por meio de reciclagem ou aterro, enquanto o restante é queimado ou polui a terra, cursos d’água e oceano.
Um estudo recente da Abrelpe, resultado do projeto de prevenção e combate à poluição marinha no Brasil, identificou que as áreas de ocupação irregular, os sistemas de drenagem e a orla das praias são as principais fontes de vazamento de lixo para o mar. E que os materiais plásticos estão em maior concentração nesses ecossistemas: 52,5% de todos os resíduos coletados. Esses resíduos são de plástico filme, pequenos tubos plásticos, hastes plásticas e isopor, que contém plástico em sua composição.