Conexsus, Unicafes e CNS uniram-se para ajudar os negócios comunitários a enfrentarem os desafios dos próximos meses. Juntas, as três organizações apoiarão cooperativas, associações produtivas e pequenos negócios nos próximos meses com ajuda financeira, assessoria técnica e informações qualificadas. Consumidores também poderão se engajar, doando seus pontos acumulados no programa Pão de Açúcar Mais para o Fundo Conexsus
A pandemia de coronavírus já mostra impactos econômicos para a agricultura familiar e comunidades extrativistas no Brasil. Para enfrentar o problema, o Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus) juntou-se à União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) e ao Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS). O objetivo é colocar em ação um plano de resposta socioambiental para apoiar 450 organizações econômicas rurais e florestais no Brasil.
Com as principais cidades vivendo períodos de quarentena, o consumo de produtos dos negócios comunitários sustentáveis reduziu nas últimas semanas. Cooperativas e associações enfrentam suspensão temporária de entregas de contratos de fornecimento para escolas públicas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além de perda de produção e quebras na estrutura de logística e distribuição. Também houve redução na demanda de produtos da floresta, como açaí e castanhas.
Feiras livres foram suspensas em dezenas de cidades, bem como a entrega de produtos frescos em comércios ligados à gastronomia. O setor de varejo reduziu as compras de produtos não-alimentícios e negociações em curso estão sendo suspensas. “Os impactos de médio e longo prazo sobre as nossas cooperativas serão duros e colocam em risco a própria existência dessas organizações econômicas”, aponta Vanderley Ziger, presidente da Unicafes.
Por isso, Conexsus, Unicafes e CNS uniram-se para desenhar um plano emergencial de resposta para ajudar os negócios comunitários a enfrentarem os desafios dos próximos meses. Juntas, as três organizações apoiarão 450 cooperativas, associações produtivas e pequenos negócios nos próximos meses com ajuda financeira, assessoria técnica e informações qualificadas.
Um grupo de doadores – entre eles o Instituto GPA, o Fundo Vale, a Fundação Good Energies e a Climate Land Use Alliance (CLUA) –, garantiu um aporte de novos recursos para o Fundo Conexsus, um instrumento financeiro criado no ano passado pela Conexsus para destravar o crédito e acelerar negócios sustentáveis. O Fundo conta com R$ 1,5 milhão em recursos. Junto com o crédito, a Conexsus prestará assessoria financeira e promoverá ações em rede para viabilizar soluções conjuntas de logística e vendas. O plano também vai destravar o acesso ao crédito público e programas de compras dos governos federal e dos estados.
“Vamos apoiar os negócios comunitários com recursos do Fundo Conexsus, entrando com suporte onde o sistema financeiro tradicional não consegue chegar, como aval, crédito para resolver problemas de inadimplência e créditos para custeio”, explica Carina Pimenta, diretora executiva da Conexsus.
Pimenta lembra que uma das grandes fragilidades dos negócios comunitários é a insuficiência de capital de giro para assegurar compromissos e contratos vigentes, como pagamento de produtores, fornecedores e outras contas mensais.
Os consumidores conscientes também estão sendo mobilizados a se engajar. Eles terão a oportunidade de colaborar com o plano de resposta socioambiental doando seus pontos acumulados no programa Pão de Açúcar Mais para o Fundo Conexsus durante o mês de abril.
As três organizações montaram uma força tarefa que está levantando os estoques e as necessidades específicas de recursos nos próximos meses dos 450 empreendimentos que serão atendidos. Na outra ponta, o grupo está mapeando as alternativas de comercialização existentes. A ideia é fazer a conexão entre os negócios comunitários e essas iniciativas, mercados e opções emergenciais de escoamento da produção.
“Neste momento, precisamos mitigar os impactos da pandemia do coronavírus nas nossas comunidades. A agricultura familiar e os extrativistas não só alimentam o País, mas também protegem as florestas e riquezas naturais brasileiras. Precisamos agir rápido”, diz Diones Torquato, secretário-geral do CNS.
[Foto: Amostra de produtos das cooperativas apoiadas/ Divulgação]