Alta tecnologia e diversidade de espécies prometem aumento de produtividade e escala das agroflorestas
A solução climática das agroflorestas – de alto potencial econômico na restauração de áreas já desmatadas – mostra uma nova face de sofisticação na Amazônia. Mecanização, central de controle por satélite e sensores, alta tecnologia de precisão nos plantios, inteligência artificial e tokenização com total rastreabilidade das árvores começam a entrar porteira adentro. O objetivo: alcançar avanços em produtividade e escala que mudam o perfil da atividade no campo. “É uma forma viável e mais fácil de chegar ao mercado, e de fazer a bioeconomia se integrar à economia nacional como um novo modelo de desenvolvimento, baseado no baixo carbono”, afirma Thiago Terada, CEO da startup Genera, sediada em Manaus.

“A estratégia é atingir economia de escala como uma construtora que faz vários prédios ao mesmo tempo, com a diferença de que agora o alvo é a construção de florestas”, explica o empreendedor. A expectativa é rentabilizar o negócio de maneira que investir na floresta alcance uma maior atratividade assim como ocorreu em mercados emergentes, a exemplo dos investimentos em fazendas de energia solar ou eólica.

Duas áreas de 250 hectares no total, em Rio Preto da Eva (AM), de logística fácil a 150 Km de Manaus por estrada, iniciaram os plantios para demonstrar a viabilidade financeira. O modelo combina cultivos agrícolas que melhoram o solo com ciclos de espécies florestais plantadas a partir de mudas já crescidas, com cerca de três anos de idade, o que reduz custos e aumenta a produtividade. São cultivados produtos nativos de grande demanda comercial, como cacau e açaí, capazes de cobrir o investimento nas mais de 100 espécies amazônicas plantadas para restaurar a área e capturar carbono da atmosfera. Além da biodiversidade, o negócio contribui na segurança alimentar, no microclima e na preservação de nascentes.

A Genera integrou o programa Sinergia Investimentos – iniciativa da plataforma Jornada Amazônia voltada a dar tração a negócios da bioeconomia amazônica e prepará-los para investimentos. Com aporte inicial de R$ 12 milhões de investidores-anjos e fundos filantrópicos que apostam na inovação da startup como exemplo de que é possível mudar a realidade produtiva na Amazônia, uma nova fronteira se abre no horizonte por meio das agroflorestas no mundo deeptech. “Usamos tecnologias do agro moderno na restauração florestal daquilo que já foi destruído ao longo da história”, enfatiza Terada. A estratégia consiste em desenvolver um modelo regenerativo de longo prazo que seja rentável e atrativo a produtores de forma a replicar em toda a região.


