“Está aberto o caminho para políticas públicas que inibam o uso de sacolas plásticas no Brasil”. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa Sustentabilidade: Aqui e Agora, realizada pelo MMA, em parceria com o Walmart, e apresentada ontem, na sede da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo.
Segundo o estudo, realizado em 11 capitais brasileiras, 60% dos entrevistados são a favor de uma lei que proíba a distribuição de sacolas plásticas, enquanto 23% são contra e 17% não têm posição definida. Entre os que defendem a proibição, as maiores porcentagens foram atingidas no Rio de Janeiro – que já conta com uma lei – e em Salvador, com um projeto já em discussão.
A pesquisa mostra, no entanto, que 90% das pessoas declararam que usam sacolinha para o descarte de lixo diário. Além disso, cerca de um quinto dos que a usam não sabem – ou não opinaram – sobre como descartar seus resíduos caso a legislação fosse aprovada.
“A visão sobre a proibição ao uso das sacolas deve ser mais estratégica. Não basta proibir. É preciso que as pessoas tenham alternativas a isso e possam também arcar com os custos”, afirmou Sussumu Honda, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
Para Honda, a principal decisão caberá ao MMA, em seu esforço de articulação com a sociedade e os representantes dos supermercados na elaboração de alguma forma de regulamentação sobre o tema. A Abras definiu metas para reduzir o uso das sacolas plásticas em 30% até 2013 e 45% até 2015. Entre as principais ações do Plano de Ação Sustentável 2011 está a intensificação das campanhas de estímulo ao abandono da sacolinha, com a elaboração de ações diretamente focadas sobre o público nos pontos de venda.
Um dos casos de sucesso de implantação recente da lei ocorreu em Jundiaí, no estado de São Paulo. Desde junho deste ano, as sacolas plásticas distribuídas pelos estabelecimentos comerciais tiveram que ser substituídas por embalagens biodegradáveis, oxi-biodegradáveis (com aditivos que aceleram o tempo de degradação do plástico) ou retornáveis, como as tradicionais ecobags. Quem não cumpre a lei, pode ser multado em cerca de R$ 45 mil. A ideia da Abras é agora articular com o governo a fim de ampliar a experiência de Jundiaí para todo o estado de São Paulo.
Para Samyra Crespo, secretária de articulação institucional do MMA, a pesquisa traz caminhos para orientar as políticas públicas. “O estudo nos mostra que 23% dos entrevistados têm o perfil “engajado”, enquanto 41% deles podem ser classificados como “influenciáveis” e 36% como “desengajados”. Temos uma boa parcela desses influenciáveis e é aí que temos que investir primeiro”.
A pesquisa faz parte de uma série realizada a cada quatro anos, desde 1992, que visa acompanhar a evolução da consciência ambiental no País. Segundo a ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, os dados revelam uma evolução no nível de conhecimento da população, porém com a persistência de um abismo entre a preocupação e o comportamento efetivo.
“Persiste a tendência dos brasileiros considerarem como meio ambiente apenas flora e fauna, deixando de fora o ambiente humano por excelência que são as cidades. Temos que trazê-las para o MMA”, afirmou a ministra.