Acaba de ser lançada a mais completa obra da produção científica brasileira sobre o Cerrado. O livro Cerrado: Fauna e Flora reúne artigos de quase 50 cientistas de diversas instituições de pesquisa, agrupados em temas como água, biodiversidade e clima. A publicação é editada pela Embrapa Informação tecnológica, com apoio financeiro da ONG The Nature Conservancy (TNC).
O pesquisador da Embrapa Cerrados e organizador do livro, José Felipe Ribeiro, refere-se ao bioma como “o primo pobre da Amazônia, que têm muito em comum com o primo rico, mas é desconsiderado”.
Um dos pontos em comum é a grande riqueza genética. Com 12 mil espécies vegetais catalogadas, estima-se que o Cerrado encerre um terço de toda a biodiversidade brasileira, mas padece com o avanço da fronteira agrícola e o desconhecimento de seu valor ecológico e econômico.
Rico em espécies frutíferas, como pequi, murici e araticum, o Cerrado tem condições para o desenvolvimento do manejo comercial dessas espécies. “São fruteiras que você maneja na área natural. Então a reserva legal, que hoje em dia é vista como um problema para os produtores, poderia se transformar num excelente complemento econômico”, aposta Ribeiro.
Essas e outras ideias estão detalhadas na publicação, que tem o mérito de focar as soluções para conservação. Especialmente depois de o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmar que a soja é preferível a um “cerradinho”, é certo que o bioma vai precisar de todas as soluções que puder dispor.