Não faz muito tempo, a energia nuclear era vista como a encarnação de tudo de mais errado que havia no planeta, mas o avanço da preocupação com o aquecimento global galopante fez com que muita gente – mesmo que a contragosto – revisse sua oposição. Por não emitir gases de efeito estufa, elas começaram a ser vistas como um mal menor.
Pois o grupo francês DCNS está aproveitando essa trégua e acaba de anunciar sua intenção de desenvolver reatores submarinos para a geração de eletricidade que usam uma tecnologia não muito diferente daquela já adotada nos submarinos nucleares de uso militar.
Batizado Flexblue, o projeto está em fase de desenvolvimento conceitual e ainda vai demorar pelo menos dois anos antes que o primeiro protótipo funcional comece a ser construído. O objetivo é comercializar equipamentos com potência relativamente pequena (entre 50 e 250 Megawatts) capazes de atender de 100 mil a 1 milhão de pessoas.
O plano é rebocar os reatores de 12 mil toneladas até seu local permanente e, então, ancorá-los ao leito em profundidades que podem variar de 60 a 100 metros e levar a eletricidade produzida até a costa por meio de cabos. Instalar o sistema no fundo do mar ajuda a manter o reator refrigerado – a água do mar serviria para dissipar o calor –, ao mesmo tempo que deve minimizar os riscos em caso de terremotos, enchentes e até de eventuais ataques terroristas aos quais as usinas convencionais estariam mais expostas.
O anúncio oficial da empresa, contudo, silencia a respeito dos impactos que o calor da usina devem ter nos ecossistemas marinhos onde forem instaladas e nem menciona o grande problema criado por essas fontes de energia – o que fazer com o perigoso lixo nuclear.