Histórias e idéias de que lê Página 22
Por Carolina Derivi
“Eu quero ir!”, encasquetou a jovem Helena Gomes, então aluna do primeiro ano do curso de Gestão Ambiental da USP. Foi aos professores, ao reitor, ao prefeito, e tanto fez que conseguiu ser incluída na disputadíssima delegação brasileira para a Rio + 10, em Johannesburgo, na África do Sul. Sem experiência em jornalismo, ainda amealhou a função de correspondente de uma rádio do interior paulista durante o evento. Apaixonou-se pelo poder da mídia quando se trata de educação ambiental.
Foi a experiência em Johannesburgo que inspirou sua tese de mestrado, em andamento. Helena analisa a apropriação do discurso de ONGs e cientistas por campanhas publicitárias e as consequências disso para o esvaziamento da mensagem da sustentabilidade. Mais para a frente, sonha em investigar a hipótese de estar havendo uma fusão entre marketing e responsabilidade social empresarial. “Se uma empresa deixa de investir R$ 1 milhão em publicidade para aplicar R$ 100 mil num projeto socioambiental que vai lhe dar a mesma visibilidade, em vez de investimento, há uma economia”, conjectura.
Hoje com 26 anos, Helena é analista de mercado de uma empresa que comercializa projetos REDD (mecanismo pelo qual se remuneram as emissões evitadas de desmatamento e degradação) na Amazônia. Mesmo assim, ainda não está plenamente convencida sobre a quem pertence o carbono e não cansa de se espantar com a monetarização da natureza. Se lhe perguntam qual é o barato de trabalhar com meio ambiente, ela não hesita: “É o despertar para a complexidade. É perceber que tudo está ligado: economia, sociedade, cultura, espiritualidade… E essa é uma noção que eu aplico em tudo na vida, não só na questão ambiental”.
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