CEOs de empresas petrolíferas foram a júri, na Suprema Corte do Reino Unido, no fim de setembro. Dois saíram de lá considerados culpados e um foi inocentado, em razão de acusações de ecocídio – crime contra o meio ambiente –, devido a exploração irresponsável e derramamento de petróleo no Golfo do México.
Os juízes e advogados eram profissionais de verdade, mas os casos, fictícios – ainda que semelhanças com a vida real não sejam meras coincidências. Sem roteiro preestabelecido, tudo não passou de simulação de como seria um julgamento se existisse aquela classificação de crime.
Quem organizou a sessão foi a advogada britânica Polly Higgins, que, desde 2010, defende a inclusão do ecocídio na lista de crimes contra a humanidade, junto com os crimes de guerra e genocídio, julgados pelo Tribunal Criminal Internacional da Organização das Nações Unidas. Ela define o ecocídio como: “Dano extensivo, destruição ou perda de ecossistema de um determinado território, por ação humana ou outras causas, a tal ponto de reduzi severamente o aproveitamento pacífico dos habitantes daquele território”.
Polly afirma que crimes ambientais são ameaças à paz, porque o comprometimento da oferta de recursos naturais pode desencadear guerras. Para ela, prender responsáveis por esses danos é uma forma de mudar a política de empresas e governos para que os impactos sobre o planeta sejam considerados tão ou mais importantes quanto os lucros. Os julgamentos considerariam, como acontece com os homicídios, se houve ou não intenção de causar o prejuízo ambiental.