O cinema ambiental na ecofalante
A boa surpresa do mês passado foi a primeira edição da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. Foram exibidos gratuitamente mais de 40 filmes, divididos em seis eixos temáticos: energia, água, ativismo, povos e lugares, consumo e mudanças climáticas. Sete debates complementaram a programação, que também homenageou Adrian Cowell, diretor de um trabalho histórico de documentação da destruição da Floresta Amazônica. Nascido na China, em 1934, começou a filmar no Brasil ainda nos anos 50. Companheiro dos irmãos Villas Boas e do sertanista Apoena Meirelles, fez uma série de filmes sobre a Amazônia, entre eles A Década da Destruição, uma série de cinco filmes, realizada ao longo de dez anos, com a qual conquistou importantes prêmios. Cowell estava às vésperas de mais uma viagem ao Brasil, em outubro do ano passado, quando morreu.
A mostra foi bem-recebida pelo público. Com saldo de aproximadamente 4 mil visitantes, o boca a boca foi ótimo e a participação nos debates cresceu durante a semana. Em breve, os debates estarão no site da mostra, um bom arquivo do se viu e ouviu por lá. A segunda edição já está certa e trará o tema da mobilidade urbana para o centro dos holofotes.
- Os Catadores e Eu
Agnès Varda, a diretora do longa, depara-se com extrativistas, vasculhadores e catadores em diversos lugares da França. Por necessidade, acaso ou escolha, essas pessoas coletam os itens “deixados para trás”, descartados por outros. A diretora faz um paralelo com sua própria condição, pois, segundo ela, o ato de filmar também é catar, em que não há limite para a curiosidade.
- Biutiful Cauntri (2008)
Relatos de moradores da região da Campania, na Itália, denunciam os 1.200 depósitos de lixo tóxico não autorizados. O esquema tem o apoio da máfia Camorra, de governos locais e da maçonaria. Um verdadeiro massacre da terra, colocando diversas formas vidas em risco. Junto com o espanto, ocorre uma perguntinha autorreferente: o mesmo se passa no Brasil em locais onde a fiscalização é inexistente ou conivente com poderes equivalentes aos existentes na Itália?
- The Warriors of Qiugang
Uma pequena vila na China se rebela contra uma grande empresa fabricante de pesticidas que pertencia ao Estado e foi privatizada. Mesmo pobres e precariamente instruídos, os “guerreiros” lutam durante cinco anos para ter de volta sua terra e água limpas. (foto)
Apolonio, o libertário
Até julho, o Memorial da Resistência de São Paulo apresenta a exposição Apolonio de Carvalho, a trajetória de um libertário. São 30 painéis com fotos, documentos, cartazes e textos que percorrem a história de Apolonio desde a sua infância em Corumbá, passando pelos principais acontecimentos políticos e sociais do século XX. Apolonio serviu no Exército Brasileiro, foi voluntário nas Brigadas Internacionais durante a Guerra Civil Espanhola, combatendo o fascismo entre 1937 e 1939, e, na França, em plena Segunda Guerra Mundial, foi coronel da Resistência na luta contra o nazismo. Nos anos 60, rompeu com o PC brasileiro e ajudou a fundar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Com a redemocratização, foi um dos primeiros a se filiar ao PT. Morreu em 2005, aos 93 anos de idade. A mostra ocorre de terça a domingo, das 10 às 18h, no Memorial da Resistência de São Paulo. Entrada gratuita.
Culturalmente santista
A memória cultural da Baixada Santista agora tem um site, o CulturalMente Santista, com a proposta de reunir entrevistas, relatos, ações, agenda cultural, notícias e perfis de personagens da cultura da região. Para o lançamento do site, o editor André Azenha promove até o dia 7 deste mês uma série de bate-papos e apresentações artísticas nas áreas de cinema, teatro, produção cultural, artes plásticas, jornalismo + crítica cultural, ilustração + design, criação literária, música e tendências do mercado editorial.