A questão dos resíduos nos mares não é notícia nova. Ao longo dos últimos anos, proporcionalmente ao crescimento da consciência ambiental e dos impactos do nosso estilo de vida de consumo e descarte, também cresceram os alertas sobre nossos impactos sobre o oceano.
As enormes manchas de plástico boiando no Pacifico já ganharam até nome pomposo: “Pacific Garbage Patch”. Também são, essas zonas de acúmulos de resíduos, temas de ações para chamar a atenção para o problema. Em junho de 2014, dois times de oito nadadores percorrerão a distância entre o Havaí e a praia de Santa Mônica, em Los Angeles a nado, cruzando este grande lixão flutuante.
Antes deles, em 2010, uma equipe de seis aventureiros cruzou o Pacífico saindo de São Francisco e atracando em Sidney, em um barco catamarã feito com 12.500 garrafas PET e outros produtos plásticos, o Plastiki. Nesta expedição eles levantaram questões sobre a acidificação dos oceanos, aumento do nível das águas e sobre as 33,5 mil (!!!) toneladas de plástico que flutuam nos oceanos. Vale a pena assistir o TEDx de um dos idealizadores do projeto, David de Rothschild.
Mesmo com todo estes alertas, muito pouco se sabe sobre os oceanos ainda. Como destaca o doutor em administração pública e governo Fábio Storino, na edição 79 da revista Página22 (“S.O.S. Oceanos”), a NOAA, agência oceânica americana, estima que 95% do mundo subaquático permaneça inexplorado. Isso me leva a pensar: Se todo este resíduo que já foi mapeado está nos 5% conhecidos dos oceanos, o que estará lá embaixo? O que é feito do resíduo que não flutua? Estará todo o leito do oceano repleto de lixo?
Uma notícia me faz pensar que sim. Escondida entre inúmeras outras reportagens sobre as buscas do vôo MH370, desaparecido enquanto fazia o trajeto entre Kuala Lumpur e Pequim, veio uma da BBC Brasil que me alarmou. As buscas acabaram levando as equipes a regiões muito pouco frequentadas do Oceano Pacífico e nessas regiões satélites tiraram fotos de centenas de objetos flutuando. Não objetos pequenos, mas de respeitáveis 2 a 25 metros de comprimento. Repito: CENTENAS!
Todas essas evidências giram em torno de um mesmo tema: a relação que temos com o que consumimos e como fazemos o descarte do que sobra.
Apesar do nosso estilo de vida de consumo e descarte não ser um tema constante de trabalho para o GVces, recentemente foi assunto de duas iniciativas. A primeira, um documentário produzido pelos alunos do FIS, matéria eletiva da FGV conduzida pelo GVces. Vale a pena ver o olhar que os jovens trouxeram sobre esse tema. A outra, o projeto Inovação e Sustentabilidade na Cadeira de Valor, que tratou no ciclo 2013 de inovação na gestão de resíduos. O resultado do ciclo foi uma publicação que trouxe diversos casos de inovação na cadeia.
As singelas contribuições do GVces, as notícias da imprensa e as evidências do dia-a-dia mostram que temos um longo caminho pela frente, mas os alertas não podem mais ser ignorados.
Leandro Gouveia