Enquanto o blockbuster Jogos Vorazes se passa em um futuro pós-apocalíptico em que há racionamento de comida e lutas televisionadas pela sobrevivência, no presente há quem defenda que os jogos, em especial os online, podem nos ajudar a evitar tal cenário e tornar o futuro mais sustentável.
O jogo Catalysts for Change, por exemplo, foi desenvolvido com base na premissa de que a colaboração em escala global – motivada por um pouco de competição – pode gerar ideias únicas sobre como construir um futuro mais próspero e eqüitativo. A esperança de sua criadora, Jane McGonigal, é que tais insights gerem inovações que farão a diferença na vida de comunidades pobres ou vulneráveis.
“Jogos são instrumentos poderosos para transpor os limites do nosso pensamento. Eles usam a competição para construir cooperação e, na medida que se espalham pela internet, oferecem uma ótima plataforma para conectar ideias sobre um objetivo comum”, defende Jane, autora do livro Reality is Broken: Why Games Make us Better and How they Can Change the World e conhecida por sua palestra na TED de 2010.
Catalysts for Change foi jogado online por 1625 pessoas em 50 países durante 48 horas no dia 3 ao dia 5 de abril. Os jogadores puderam apresentar cartas – ideias expressas em até 140 caracteres sobre como enfrentar desafios específicos relacionados à mudança social – e também desenvolver ideias elaboradas por outros jogadores.
Cada carta podia gerar quatro tipos de resposta: impulso (se escolhermos esse caminho, o que vem depois?), antagonismo (porque discordo desse caminho), adaptação (como esse caminho se aplica a uma comunidade ou região específica) e investigação (perguntas sobre esse caminho). A cadeia de cartas gerada pela interação entre os jogadores aprimorou as ideias originais e, quanto mais longa a cadeia, mais pontos para os jogadores. Como cada carta teve até 140 caracteres, as ideias e suas repercussões puderam ser compartilhadas também no Twitter.
Ao final das 48 horas, 18.610 cartas haviam sido “jogadas. Ao longo do jogo, foram concedidos prêmios para as cartas mais jogadas ou que angariaram mais pontos e para os jogadores que mais se dedicaram a solucionar um desafio em particular. Os organizadores ainda vão anunciar prêmios escolhidos por celebridades para suas cartas ou cadeias de cartas favoritas, além de organizar e sintetizar as estratégias coletadas durante o jogo.
Na mesma toada de usar a competição para construir colaboração, a empresa Opower, o Facebook e o Natural Resources Defense Council (NRDC) se aliaram para criar um aplicativo que permite a comparação do consumo de energia em uma área que vai da Califórnia a Nova York e cobre 20 milhões de residências. A lógica por trás do novo app é usar um pouco de competição para motivar a redução do consumo de eletricidade. Com ajuda de 16 companhias de eletricidade, o app permite baixar no Facebook os dados sobre o consumo de energia por residência e compará-lo com o dos vizinhos.
“A competição é a parte mais interessante – ver como as pessoas vão se esforçar para melhorar seus consumo a cada mês, ao mesmo tempo em que aprimoram seu conhecimento sobre energia”, aposta Brandi Colander, do NRDC. Os criadores do app acreditam que, com o poder do Facebook – e seus 800 milhões de usuários –, vão conseguir explorar a competitividade natural das pessoas e criar uma grande comunidade social sobre energia.