A companhia aérea Latam, fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN, realizou em 21 de agosto o primeiro voo comercial com biocombustível da Colômbia. O combustível utilizado mistura 70% de querosene convencional de aviação com 30% de combustível produzido a partir do óleo da Camelina sativa, planta nativa da Europa e Ásia Central (mais sobre a planta aqui).
A camelina é uma fonte de biocombustível com alta eficiência energética, com a vantagem de poder ser cultivada em alternância com o trigo, contribuindo inclusive para a recuperação dos nutrientes do solo (leia mais em artigo). Apesar de ter sido apresentada como opção de fonte renovável em ares colombianos, a planta não é cultivada na América do Sul. A introdução do seu cultivo em larga escala na região ainda depende de estudos de viabilidade, como provam experiências anteriores com a Jatropha curcas, que foi apontada como “solução mágica” sem a devida avaliação das limitações de produção (leia artigo sobre o caso).
O fato de a espécie não concorrer com fontes de alimento humano a torna atraente para pesquisadores que buscam alternativas mais sustentáveis de agrobiocombustíveis. Entretanto, a ampliação da escala de produção dessas espécies sem experiência agronômica é vista com ressalva pelo professor da Unicamp, Luís Augusto Barbosa Cortez: “Por mais que a camelina e a jatropha valham a pena do ponto de vista energético, eu as vejo com uma participação marginal”. Ele defende que o Brasil financie o desenvolvimento de fontes já viabilizadas e pouco exploradas, como o dendê e o próprio bagaço de cana. (A reportagem participou do voo a convite da Latam.)
Aposta Estratégica
Essa foi a terceira experiência da Latam com biocombustíveis. Em 2012, o Chile recebeu um voo teste com combustível que usava óleo de cozinha usado na composição. Dois anos antes, a TAM fez no Brasil um teste
com a mistura de 50% de óleo de pinhão-manso e 50% de querosene convencional.
O projeto de desenvolvimento de biocombustíveis é encabeçado pela LAN, pioneira na região nesse tipo de inovação tecnológica. “As fontes de energia renovável desempenham um papel importante na aviação mundial e serão cada vez mais relevantes no processo de tomada de decisões do setor e de nossa companhia”, declara o CEO Ignacio Cueto. Os ganhos econômicos influenciam esse interesse, já que os biocombustíveis são mais leves, limpos e eficientes. O motor das aeronaves desgasta menos, o que reflete em menor custo de manutenção e consumo de combustível.
Corrida contra o tempo
Responsável por 2% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, o setor de aviação está comprometido com uma meta de redução das emissões à metade até 2050. Para alcançá-la, conta com o objetivo de ampliar a participação de combustíveis renováveis nas operações comerciais. A meta da LAN é de 1% sobre o total de combustíveis usados em 2015 e 5% em 2020. Apesar da meta ambiciosa, Hernán Pasman, diretorexecutivo da LAN Colômbia, ressalta que os bicombustíveis serão incorporados na medida em que os preços se tornarem viáveis economicamente para a companhia. Por enquanto, eles ainda custam pelo menos seis vezes mais que os de origem fóssil.
Para viabilizar a mudança, as empresas aéreas contam com o apoio de empresas e governos, como a Terpel e o Ministério de Meio Ambiente da Colômbia, que apoiaram o projeto com a camelina. Muitas pesquisas ainda se fazem necessárias para desenvolver um biocombustível para aviação que seja, de fato, sustentável. “Trata-se de um investimento forte em pesquisa. Entretanto, por ser de alto risco, investidores acabam se retirando do programa quando não têm retorno”, afirma em entrevista o gerente sênior de Meio Ambiente da LAN, Enrique Guzmán.
Confira a íntegra da entrevista com Enrique Guzmán[:en]
A companhia aérea Latam, fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN, realizou em 21 de agosto o primeiro voo comercial com biocombustível da Colômbia. O combustível utilizado mistura 70% de querosene convencional de aviação com 30% de combustível produzido a partir do óleo da Camelina sativa, planta nativa da Europa e Ásia Central (mais sobre a planta aqui).
A camelina é uma fonte de biocombustível com alta eficiência energética, com a vantagem de poder ser cultivada em alternância com o trigo, contribuindo inclusive para a recuperação dos nutrientes do solo (leia mais em artigo). Apesar de ter sido apresentada como opção de fonte renovável em ares colombianos, a planta não é cultivada na América do Sul. A introdução do seu cultivo em larga escala na região ainda depende de estudos de viabilidade, como provam experiências anteriores com a Jatropha curcas, que foi apontada como “solução mágica” sem a devida avaliação das limitações de produção (leia artigo sobre o caso).
O fato de a espécie não concorrer com fontes de alimento humano a torna atraente para pesquisadores que buscam alternativas mais sustentáveis de agrobiocombustíveis. Entretanto, a ampliação da escala de produção dessas espécies sem experiência agronômica é vista com ressalva pelo professor da Unicamp, Luís Augusto Barbosa Cortez: “Por mais que a camelina e a jatropha valham a pena do ponto de vista energético, eu as vejo com uma participação marginal”. Ele defende que o Brasil financie o desenvolvimento de fontes já viabilizadas e pouco exploradas, como o dendê e o próprio bagaço de cana. (A reportagem participou do voo a convite da Latam.)
Aposta Estratégica
Essa foi a terceira experiência da Latam com biocombustíveis. Em 2012, o Chile recebeu um voo teste com combustível que usava óleo de cozinha usado na composição. Dois anos antes, a TAM fez no Brasil um teste
com a mistura de 50% de óleo de pinhão-manso e 50% de querosene convencional.
O projeto de desenvolvimento de biocombustíveis é encabeçado pela LAN, pioneira na região nesse tipo de inovação tecnológica. “As fontes de energia renovável desempenham um papel importante na aviação mundial e serão cada vez mais relevantes no processo de tomada de decisões do setor e de nossa companhia”, declara o CEO Ignacio Cueto. Os ganhos econômicos influenciam esse interesse, já que os biocombustíveis são mais leves, limpos e eficientes. O motor das aeronaves desgasta menos, o que reflete em menor custo de manutenção e consumo de combustível.
Corrida contra o tempo
Responsável por 2% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, o setor de aviação está comprometido com uma meta de redução das emissões à metade até 2050. Para alcançá-la, conta com o objetivo de ampliar a participação de combustíveis renováveis nas operações comerciais. A meta da LAN é de 1% sobre o total de combustíveis usados em 2015 e 5% em 2020. Apesar da meta ambiciosa, Hernán Pasman, diretorexecutivo da LAN Colômbia, ressalta que os bicombustíveis serão incorporados na medida em que os preços se tornarem viáveis economicamente para a companhia. Por enquanto, eles ainda custam pelo menos seis vezes mais que os de origem fóssil.
Para viabilizar a mudança, as empresas aéreas contam com o apoio de empresas e governos, como a Terpel e o Ministério de Meio Ambiente da Colômbia, que apoiaram o projeto com a camelina. Muitas pesquisas ainda se fazem necessárias para desenvolver um biocombustível para aviação que seja, de fato, sustentável. “Trata-se de um investimento forte em pesquisa. Entretanto, por ser de alto risco, investidores acabam se retirando do programa quando não têm retorno”, afirma em entrevista o gerente sênior de Meio Ambiente da LAN, Enrique Guzmán.
Confira a íntegra da entrevista com Enrique Guzmán